Fitch melhora rating da Argentina, mas mantém alerta de “histórico “problemático dos hermanos”

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A evolução da economia da Argentina fez a agência de classificação de riscos Fitch Ratings melhorar novamente o rating soberano dos vizinhos, ainda que a nota reflita “uma baixa margem de segurança, com o calote sendo uma possibilidade real”.

Depois de elevar o rating de longo prazo do país de “CC” para “CCC”, em novembro, a Fitch revisou novamente a avaliação para cima, dessa vez para “CCC+” (ainda na nota de risco de crédito substancial). A agência não atribui perspectiva positiva ou negativa a países com nota “CCC+” ou inferior.

Na decisão anunciada na segunda-feira, 12 de maio, a Fitch informou que a decisão reflete os efeitos da liberalização do mercado de câmbio e do pacote de US$ 20 bilhões firmado com o Fundo Monetário Internacional (FMI) em abril, além da recuperação da economia e o processo de desinflação, na capacidade do país de honrar seus compromissos.

“Estes desenvolvimentos ajudam a melhorar a capacidade do país de cumprir com os serviços da dívida de curto prazo”, diz trecho do comunicado divulgado pela Fitch.

A decisão representa uma vitória ao presidente argentino, Javier Milei, que conduz um duro ajuste fiscal no país, equivalente a 5% do Produto Interno Bruto (PIB), com corte de 35% dos gastos do governo.

As medidas ajudaram a reduzir a inflação mensal de 25,5% no final de 2023 para 2,7% em dezembro, transformando décadas de déficit fiscal em superávit – no ano passado, o país registrou um superávit primário de 1,8%, após um déficit de 2,3% no ano anterior. A expectativa para 2025 é de um superávit de 1,6%.

Com estes resultados, a Argentina conseguiu garantir uma injeção de recursos do FMI que permitirá a recapitalização do Banco Central e flexibilizar os controles cambiais que haviam sido retomados em 2019, após um breve fim em 2015. Esse é o 23º acordo do país com o organismo.

O governo criou um sistema de bandas, acabando com o cepo, controle que limitava a compra de dólar, com o objetivo de fazer convergir as cotações do câmbio oficial e do paralelo. Além do aporte do FMI, o Banco Mundial anunciou linhas de financiamento de US$ 12 bilhões.

Todos esses movimentos oferecem visibilidade sobre a capacidade da Argentina de honrar os pagamentos da dívida num primeiro momento. Os pagamentos dos títulos da dívida do governo federal em dólares (juros e capital) totalizam US$ 8,6 bilhões neste ano e ultrapassam US$ 11 bilhões nos próximos.

“As autoridades conseguiram comprar moeda estrangeira suficiente para efetuar os pagamentos dos títulos até o momento e têm uma reserva maior para os próximos pagamentos graças aos fundos antecipados pelo programa do FMI”, complementa.

Quando olha para o médio prazo, porém, a Fitch tem dúvidas. Segundo a agência de classificação de riscos, a acumulação de reservas não está garantida com o novo regime cambial, considerando a preferência do país por uma moeda forte. Além disso, os custos para acessar o mercado externo permanecem proibitivos.

A política também representa um risco, com a Fitch colocando o pleito marcado para o final de outubro como um ponto de atenção.

Apesar de entender que a recuperação econômica e a desinflação jogam a favor de Milei, a agência destaca o risco de volatilidade financeira e perda de força do presidente, colocando em risco a agenda de ajuste.

Os ajustes promovidos têm sido bem vistos pelas agências de classificação de riscos, ainda que todas demonstrem um pé atrás, considerando o histórico problemático dos hermanos.

Em janeiro, a Moody’s elevou o rating da Argentina “Caa3”, com perspectiva positiva, e a S&P Global Ratings, enquanto a S&P Global Ratings afirmou a nota em “CCC”, em fevereiro. Nos três casos, as notas ainda indicam um perfil de pagador problemático para a Argentina.

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