Esquema no INSS: Funcionários de Call Center de fraudadores eram premiados com viagens e luxos bancados com dinheiro de aposentados

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O call center usado no esquema bilionário de fraudes contra aposentados do INSS, operado pelo lobista Antônio Carlos Camilo Antunes — o “Careca do INSS” —, oferecia viagens com presentes, passeios turísticos e jantares de luxo a seus funcionários. Os benefícios, revelados por uma ex-funcionária ao Metrópoles, eram uma cortina de fumaça para mascarar a operação de um esquema que desviou até R$ 6,3 bilhões diretamente da folha de pagamento de aposentadorias.

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Empregados das empresas Truetrust e Callvox, que faziam parte do grupo, eram levados mensalmente a Belo Horizonte, em grupos de 15 pessoas, com tudo pago. Acompanhavam os passeios Domingos Sávio de Castro, sócio do “Careca” na Truetrust, e Adelino Rodrigues Junior, representante da entidade CBPA, ambos investigados pela Polícia Federal. A rotina incluía compras em shoppings, visita ao Mineirão e jantares em restaurantes caros, bancados com dinheiro das entidades suspeitas — o mesmo que vinha dos descontos ilegais aplicados a idosos sem qualquer autorização.

Os funcionários do call center eram treinados para atender às reclamações dos aposentados enganados. Recebiam roteiros prontos para justificar os descontos, alegando adesões feitas por WhatsApp, ligações telefônicas ou, em casos mais extremos, “autorizações feitas pelos filhos”. Nos primeiros meses, o script incluía a promessa de reembolso em até 10 dias, mas, a partir de novembro de 2023 — auge do esquema —, o prazo foi ampliado para 20 e depois 30 dias, sem retorno real do dinheiro.

O padrão de viagens de Domingos Sávio entre Brasília e Belo Horizonte chamou a atenção da Polícia Federal, que identificou bilhetes múltiplos com um único código de reserva e aumento no número de deslocamentos após a contratação em massa de operadores. No mesmo período, entidades ligadas a Sávio, como a Unaspub, repassaram valores diretamente para sua conta — a Unaspub transferiu R$ 4,8 milhões, segundo o inquérito. A Abrasprev, outra entidade sob investigação, enviou R$ 540 mil em uma operação considerada “atípica”.

A base do esquema estava nas centrais de atendimento, usadas para manipular os aposentados e garantir a aparência de legalidade dos descontos. A CBPA, até então desconhecida, saltou para R$ 57,8 milhões em arrecadação em 2023. Embora CBPA esteja na mira da AGU, outras entidades como Abrasprev e Abapen — também citadas nas investigações — foram excluídas da ação que pede o bloqueio de R$ 2,56 bilhões.

Criada em junho de 2023, a Truetrust (nome-fantasia do ACDS Call Center) serviu como fachada para a operação. Seus donos, Antonio Carlos e Domingos Sávio, são acusados de pagar propina a servidores do INSS e seus familiares — incluindo o ex-procurador Virgílio Oliveira Filho e o filho do ex-diretor André Fidelis, responsável por assinar os acordos que autorizaram os descontos.

O caso evidencia não a sofisticação do golpe, mas o nível de blindagem institucional que permitiu seu funcionamento. Enquanto aposentados tinham seus salários reduzidos sem saber, os operadores do golpe eram premiados com luxo, impunidade e silêncio.

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Fonte : Hora Brasilia

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