

Verba de R$ 34,5 milhões foi obtida para investimentos que serão feitos em 2025 – Foto: Divulgação/Agecom/ND
Um grupo de empresários de Santa Catarina se manifestou contrário à mudança de nome do campus da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), em Florianópolis. O espaço leva o nome do primeiro reitor e idealizador do campus, João David Ferreira Lima.
As discussões sobre o assunto começaram depois que um relatório da Comissão da Memória e Verdade da universidade apontou que o professor, com mandato entre 1962 e 1972, teria colaborado com a ditadura militar, perseguindo estudantes, professores e servidores.
O posicionamento é assinado pelo Movimento Floripa Sustentável, composto por 45 entidades representativas da comunidade catarinense. O coletivo se diz indignado com o que chamou de “tentativa, equivocada e oportunista” de mudar o nome do campus da UFSC.
O que diz o manifesto?
No entendimento dos empresários, a iniciativa “não se fundamenta em um debate democrático e transparente com a comunidade acadêmica e nem com a sociedade que sustenta e apoia a UFSC há mais de seis décadas”. A proposta para mudar nome do campus da UFSC está em debate no CUn (Conselho Universitário).

Busto em homenagem ao ex-reitor da UFSC, João David Ferreira Lima, que dá nome ao campus da UFSC em Florianópolis, foi alvo de pichações – Foto: Reprodução/ND
As justificativas apresentadas para a alteração, segundo o Floripa Sustentável, são baseadas em “interpretações frágeis e desconexas dos fatos históricos” e, segundo a entidade, “não há evidências concretas de que o professor João David Ferreira Lima tenha participado de ações persecutórias no período da ditadura ou tenha se beneficiado pessoalmente das estruturas autoritárias vigentes então”.
Conforme a manifestação, o ex-reitor, “como tantos brasileiros daquele período sombrio, atuava sob forte coerção e vigilância”. O coletivo ainda afirma que “causa espanto que, após anos de reconhecimento institucional ao legado do professor João David Ferreira Lima, tente-se agora apagar sua memória com base em argumentos inconsistentes”.
Ex-reitor foi peça central para o surgimento do campus da UFSC
Para o grupo, João David foi “figura central na consolidação da universidade como centro de excelência”. Por este motivo, o Floripa Sustentável considera “inaceitável qualquer medida que busque deslegitimar conquistas históricas da UFSC e seu compromisso com a memória de figuras que, apesar das circunstâncias adversas de sua época, dedicaram-se à construção do saber, da democracia e da educação pública de qualidade em Santa Catarina”.

Campus Trindade, o principal da UFSC, leva o nome de João David Ferreira Lima, ex-reitor acusado de colaborar com a ditadura militar – Foto: Reprodução/ND
Em abril, advogada Heloisa Ferro Blasi Rodrigues afirmou, ao ND Mais, que a família do ex-reitor da UFSC moveu uma ação contra o relatório. Ela aponta os “equívocos” do levantamento no livro “UFSC: em nome da verdade”, publicado em dezembro do ano passado.
Conforme a advogada, que representa a família, a Comissão da Verdade da UFSC teria distorcido fatos ocorridos durante a ditadura militar, sobretudo em relação a posturas, decisões e comportamentos do primeiro reitor da instituição, João David Ferreira Lima.