Siga @radiopiranhas
Por muito tempo, a doença cardiovascular foi considerada um problema masculino. Mas a inserção das mulheres no ambiente corporativo e a falta de divisão do trabalho doméstico — o que as empurra a jornadas duplas ou triplas — está mudando esse cenário.
Em entrevista ao programa Humanamente Possível, do NeoFeed, o cardiologista César Jardim, diretor clínico do HCor (Hospital do Coração), alertou para o maior risco de doenças coronárias entre as executivas.
Em meio a reuniões intermináveis, metas agressivas e noites mal dormidas, elas acabam sujeitas a fatores que elevam a probabilidade de sofrer arritmias, AVCs e infartos por conta da má alimentação, sedentarismo, estresse e sono insuficiente.
“Depois da menopausa, o risco cardiovascular da mulher se equipara ao do homem. E o mundo corporativo tem acelerado esse processo”, diz o médico em conversa com o apresentador Leonel Andrade. “A doença cardiovascular, até tempos atrás, era tida como uma doença mais prevalente no homem. E de fato era. Mas isso vem se modificando”
Embora avalie que a tecnologia dos tratamentos atuais ofereça uma vantagem em relação há 30 anos, com válvulas cardíacas implantadas por cateter, exames de imagem que substituem cirurgias invasivas e medicamentos com menos efeitos colaterais, Jardim sugere que, entre homens e mulheres, o melhor a se fazer é prevenir.
“A medicina mais inteligente é a preventiva. Hoje, os fatores de risco são muito bem conhecidos e modificáveis. Ninguém vai ficar mais jovem ou vai mudar sua genética, mas você pode parar de fumar, perder peso, controlar hipertensão, colesterol. Tudo isso passa por qualidade de vida”, diz Jardim.
E acrescenta: “Muitas vezes, o público leigo acha que, por não estar sentindo nada, está tudo em ordem. Não é verdade. Com esses fatores de risco, na maioria deles, o paciente não tem sintoma nenhum.”
No caso de um algum problema, no entanto, é necessário correr para a emergência. Fazendo uma analogia à máxima corporativa de “tempo é dinheiro”, o médico diz que “tempo é músculo”, explicando que quanto mais rápido o socorro, maior a chance de reduzir ou não ter sequelas.
Para encontrar caminhos para equilibrar a vida moderna e reduzir as chances de um evento cardíaco, a medicina redescobre velhos aliados, como a espiritualidade. Tanto que o Congresso Paulista de Cardiologia deste ano planeja três painéis para discutir, exclusivamente, como a fé melhora a recuperação de pacientes.
“Existem trabalhos, principalmente mais voltados para a neurologia, que comprovam a melhora da cura e a melhora de vários tratamentos para as pessoas que têm mais fé. A espiritualidade, sem dúvida nenhuma, tem a ver com menos doença e mais cura”, afirma Jardim.
A mensagem final de César Jardim é convite à mudança: “Não espere um susto para se cuidar”. Em um mercado onde produtividade e performance são obsessões, talvez o maior ativo de um executivo seja justamente aquilo que mais negligencia: sua saúde.
source
Fonte
Neofeed