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Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou nesta quarta-feira (8) em Moscou para participar da celebração do Dia da Vitória — e, com isso, tornou-se um dos principais rostos usados por Vladimir Putin para tentar romper o isolamento diplomático da Rússia.
Em meio a ditadores, líderes de regimes autoritários e párias internacionais, Lula cedeu sua imagem para reforçar a narrativa montada pelo Kremlin: a de que a Rússia ainda conta com o respaldo de grandes potências globais, apesar da guerra na Ucrânia e das sanções impostas pelo Ocidente.
O Brasil, a segunda maior economia confirmada no evento depois da China, entrega nas mãos de Putin a oportunidade perfeita para projetar ao mundo uma imagem falsa de normalidade e prestígio.
Segundo Gunther Rudzit, professor de Relações Internacionais da ESPM, a presença de Lula é um trunfo para a estratégia de propaganda de Putin:
“A ida do Brasil ajuda a Rússia a mostrar que não está isolada. Para o Brasil, os ganhos são nulos.”
Desde 2022, quando a Rússia invadiu a Ucrânia, o evento do Dia da Vitória se tornou esvaziado de chefes de Estado democráticos. Neste ano, apenas 18 países de regimes não democráticos confirmaram presença. Lula, ao lado de Xi Jinping, ajuda a inflar artificialmente a lista de convidados e legitima, aos olhos do público interno russo, a política belicista do Kremlin.
A participação brasileira, nesse contexto, não é vista como neutralidade, mas como endosso. Ao se colocar ao lado de Moscou, o Brasil — que historicamente tentou manter uma posição independente em conflitos globais — rebaixa sua diplomacia à condição de instrumento de propaganda.
A presença de Lula não trará ganhos reais para o Brasil. Pelo contrário: a imagem de alinhamento com a Rússia deve enfraquecer o já moribundo acordo comercial entre Mercosul e União Europeia e pode custar capital diplomático em negociações futuras.
Rudzit é claro:
“Putin é uma ameaça existencial para a Europa. A presença de Lula ao lado dele mina a posição do Brasil no Ocidente.”
Pedro Brites, professor da FGV, ainda que menos alarmista, reconhece que o desgaste de imagem será inevitável.
Enquanto isso, Lula — que há meses insiste que poderia “mediar” a paz entre Rússia e Ucrânia — ignora a realidade: o Brasil não tem influência militar, política ou econômica suficiente para alterar o curso do conflito. Sua visita não muda nada na guerra, mas muda — para pior — a posição do Brasil no cenário internacional.
Ao se associar a um evento armado para exaltar o nacionalismo russo em plena guerra, Lula deixa claro que sua prioridade não é a paz, nem a neutralidade — é a projeção pessoal a qualquer custo. O presidente brasileiro ajuda Putin a vender a imagem de que o Ocidente está dividido, e que grandes nações ainda se alinham ao Kremlin.
A diplomacia brasileira, outrora respeitada pela prudência, se presta agora a encenar a propaganda de guerra de uma potência invasora.
Na Praça Vermelha, Lula não será um mediador. Será um figurante.

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Fonte : Hora Brasilia