No Fleury, “expansão controlada” e aposta forte na digitalização para elevar margens

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O Grupo Fleury tem uma estratégia bem definida: consistência operacional, disciplina na alocação de capital e controle rigoroso de custos. O balanço do primeiro trimestre da empresa entregou um crescimento de 6,5% na receita em comparação ao mesmo período de 2024, enquanto manteve sua margem Ebitda em 27,2% e elevou o lucro líquido em 6,7%, para R$ 179,3 milhões.

“Temos negócios muito robustos”, diz Jeane Tsutsui, CEO do Fleury, ao NeoFeed. “Encaramos 2025 como um ano em que temos muita confiança naquilo que a gente está fazendo. Somos uma empresa que 91% da nossa receita vem de medicina diagnóstica.”

Uma das apostas mais bem-sucedidas do Grupo Fleury continua sendo o atendimento móvel, que cresceu 11,4% no período e já representa quase 8% da receita total, que ficou em R$ 2,19 bilhões no primeiro trimestre de 2025 – em linha com o consenso dos analistas medido pela Bloomberg.

“A receita que a gente faz no móvel, indo na casa, no escritório ou onde as pessoas estiverem, equivale à receita de 69 unidades de atendimento”, diz Tsutsui.

O serviço, que ganhou impulso durante a pandemia e foi expandido para todas as regionais, reflete uma mudança no comportamento do consumidor. Por esse motivo, o atendimento digital vem ocupando cada vez mais espaço dentro da operação.

Iniciado de maneira tímida em 2022 na marca A+, hoje representa 45% dos agendamentos nessa unidade de negócios. No Labs, no Rio de Janeiro, 32% dos agendamentos já são feitos por canal digital. E a marca Fleury, que no fim de 2024 representava apenas 5% dos agendamentos, atingiu um percentual de 24%.

“Hoje nós temos tecnologia que lê o pedido médico e já faz o agendamento,” diz a CEO. “E o que tem acontecido é que temos crescido nossas marcas sem crescer o custo de atendimento.”

Desde a implantação, o agendamento digital gerou uma economia de custo de call center estimado em R$ 26 milhões.

Um dos destaques dos resultados do grupo é o crescimento de 8,4% no Rio de Janeiro, mercado onde a base de beneficiários de planos de saúde se mantém estável.

A estratégia no Rio inclui diferenciação na qualidade do serviço, monitoramento contínuo da satisfação do cliente e oferta flexível de agendas médicas nos horários desejados pelos pacientes. A expansão do atendimento móvel na região também contribuiu para o resultado positivo.

“Nós estamos ganhando market share. Se a base permanece estável e eu cresço, eu estou ganhando mercado,” diz a CEO.

Nas demais praças, São Paulo registrou crescimento de 9,6%, enquanto as unidades regionais avançaram 14,1%, impulsionadas em parte pela aquisição do São Lucas.

No ano passado, em meio ao processo final de integração com o Hermes Pardini, o Fleury fez duas aquisições: a do Grupo São Lucas, em abril, operação que marcou a entrada da empresa em Santa Catarina, e do Confiance Medicina Diagnóstica, em novembro (esta ainda precisa ser aprovada pelos órgãos reguladores).

“Hoje nós estamos muito mais fortalecidos após a combinação de negócios com Pardini. Fizemos no ano de 2024 uma integração muito forte e consideramos que agora estamos olhando para frente como uma empresa única”, afirma Tsutsui.

A fusão entre Fleury e Hermes Pardini, anunciada inicialmente em 2022, criou uma das maiores empresas de medicina diagnóstica da América Latina. A combinação de negócios ampliou significativamente a presença nacional do grupo, que agora cobre 14 estados e o Distrito Federal, com atendimento lab-to-lab para mais de 8.000 laboratórios parceiros em todo o Brasil.

Com a integração operacional e cultural, o grupo fortaleceu sua capacidade competitiva e sua estrutura de custos.

Gestão financeira em tempos de juros altos

Com a taxa Selic em 14,75% ao ano, o Fleury mantém uma abordagem conservadora na gestão financeira. A alavancagem permanece estável em 1x a relação dívida líquida sobre Ebitda. “Vamos continuar conservadores,” diz o CFO José Antônio Filippo, CFO.

No ano passado, ele comandou duas operações de liability management que permitiram à empresa aumentar o prazo médio da dívida de 3,2 anos para 4 anos, além de reduzir o custo em aproximadamente 50 pontos-base (foi de CDI+1,38% para CDI+0,95%).

A geração de caixa de R$ 322 milhões no primeiro trimestre, em um período tradicionalmente com menor geração devido a desembolsos sazonais.

Apesar dessa postura conservadora, o Fleury mantém sua estratégia de crescimento via aquisições. A área de M&A continua ativa prospectando potenciais alvos, desde que respondam aos aspectos estratégicos, econômico-financeiros e de fit cultural.

“Desde que você consiga atingir esses parâmetros, a gente vai poder fazer, sim, esse caixa pode ser usado para aquisições,” afirma Filippo.

A ação FLRY3 acumula alta de 9,7% na bolsa neste ano. O valor de mercado do Fleury é de R$ 7,2 bilhões.

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Neofeed

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