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Funcionários e a própria companhia podem se beneficiam com essa prática
Concluir os estudos é a meta de qualquer aluno que se lança numa jornada de ensino. Mas não seria a aprendizagem um processo contínuo? Para Júnia Maria de Sousa Lima Galvão, diretora-executiva de Administração e Desenvolvimento Humano da MRV&CO, é seguro dizer que sim. “Todo saber adquirido ao longo da vida estudantil é extremamente importante, sem dúvidas. No mercado de trabalho, é essencial transformar teoria em prática e conteúdos genéricos em conhecimentos especializados. Cada empresa, região, cargo ou função demanda competências específicas”, comenta.
No cenário ideal dos negócios, essa capacitação torna-se ainda mais eficaz quando promovida internamente, alinhando-se às necessidades da organização e aos interesses e aspirações profissionais dos colaboradores.
Essa prática tem nome: Lifelong Learning. Embora possa parecer uma estratégia atual, o conceito se popularizou na segunda metade do século XX, quando a UNESCO e a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) passaram a defender a ideia de que a educação não deve se restringir à infância e à juventude. Nos anos 2000, com o avanço da tecnologia, esse modelo se consolidou como o ideal para o crescimento profissional e pessoal.
Embora algumas empresas ainda tenham dificuldades para diferenciar investimento de gasto — especialmente quando se trata de educação —, elas parecem ser minoria. O Relatório de Aprendizado do LinkedIn de 2024 revelou que 90% das organizações estão preocupadas com a retenção de talentos e entendem que oferecer oportunidades de desenvolvimento é a melhor estratégia. Ao mesmo tempo, cerca de 94% dos profissionais afirmam que permaneceriam mais tempo em uma empresa que investisse em desenvolvimento, como mostrou o relatório do LinkedIn sobre Aprendizagem no Local de Trabalho.
Segundo Ana Júlia, há uma explicação biológica para esse fenômeno, conhecida como o ‘efeito novidade’. “O cérebro humano é naturalmente programado para buscar desafios e novos aprendizados. A química envolvida nesse processo estimula a motivação, gera prazer e promove a sensação de realização – fatores que impactam diretamente a produtividade nas empresas e contribuem para a saúde mental”, fala.
Recentemente, o jornal colombiano El Tiempo destacou a importância de romper com a rotina e evitar a repetição constante de atividades como forma de manter o cérebro ativo e saudável.
Essa combinação de fatores tem levado diversas empresas a implementarem programas estruturados de capacitação. Em alguns casos, esse movimento avança ainda mais com a criação de um setor dedicado exclusivamente a esse fim. “Fizemos isso na MRV. A Diretoria de Desenvolvimento Humano ganhou um núcleo especializado, onde mais de 20 colaboradores atuam na concepção e execução de projetos educacionais. As ações, de forma mais estruturadas, começaram em 2011, com o lançamento do Programa Trainee, um programa robusto de formação voltado para jovens talentos. Desde então, o setor tem ampliado suas ações com o apoio de instituições parceiras, e hoje abriga diversos programas de educação continuada, entre eles o PDL – Programa de Desenvolvimento de Líderes”, destaca Ana Júlia.
Olhar para essas iniciativas é uma boa estratégia para empresas que buscam melhorar o desempenho de suas equipes. “Acredito que a melhor fonte de inspiração está nas próprias demandas internas. Foi assim que surgiu o Decola, nosso programa de aceleração de carreira realizado durante o expediente — assim como todas as nossas demais iniciativas. Ele atende tanto à área corporativa — com foco na formação de novos gestores — quanto à área operacional, onde, por exemplo, um analista pode passar por um treinamento intensivo para se tornar engenheiro. Em vez de buscar talentos no mercado, optamos por investir no desenvolvimento de quem já está conosco, apostando no potencial das pessoas para assumir posições mais estratégicas”, conta a diretora-executiva de Administração e Desenvolvimento Humano da MRV&CO.
Para ela, concluir os estudos não deve ser o ponto final de uma trajetória de aprendizado, mas sim o início de uma jornada contínua de desenvolvimento. “Quando a empresa compreende isso e investe intencionalmente em educação, ela não apenas fortalece suas equipes, mas também se posiciona de forma mais competitiva e inovadora no mercado. Ao valorizar o crescimento interno e alinhar formação com propósito, cria-se um ciclo virtuoso em que todos ganham — colaboradores mais realizados e preparados e uma organização mais resiliente e preparada para o futuro”, conclui Ana Júlia.
Foto: Ana Júlia
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