No plano de ser uma “P&G brasileira”, Cimed estuda spin-off de sua divisão de consumo

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Nos últimos anos, a farmacêutica Cimed avançou para além dos medicamentos. A estratégia foi entrar em diversos segmentos na área de consumo, através do crescimento orgânico e via aquisições, numa estratégia para se tornar a “Procter & Gamble brasileira”, como já disse o CEO, João Adibe, em referência à gigante americana de bens de consumo.

No fim de 2023, por exemplo, comprou a R2M, o seu primeiro M&A em uma década, e entrou no segmento de lenços umedecidos. No ano passado, estreou na categoria com cremes dentais e enxaguantes bucais, sob o guarda-chuva da Carmed, marca que ganhou fama pelo hidratante labial que fatura aproximadamente R$ 400 milhões.

Além desses produtos, as prateleiras das farmácias foram “inundadas” por vitaminas, energéticos, bebidas proteicas, repelentes, camisinhas, sex toys e perfumes, como o lançado em conjunto com a cantora Anitta, e, mais recentemente, os body splashes. Em breve, a Cimed entrará em protetores solares.

Essa infinidade de produtos da empresa comandada por Adibe e Karla Felmanas, sua irmã que é vice-presidente, já move os ponteiros há muito tempo da farmacêutica brasileira e foi responsável por 40% do faturamento de R$ 3,6 bilhões em 2024.

Agora, com um aporte do Fundo Soberano de Cingapura, o GIC, que comprou uma fatia minoritária da Cimed, a companhia está avaliando a cisão dessa área de consumo, de acordo com Adibe, em entrevista ao programa Call de Negócios, do NeoFeed.

“A partir do momento em que tivermos a ponta separada no canal de vendas, acredito que a tendência é que realmente a gente tenha uma divisão do modelo de negócio: consumo por um lado, medicamento para outro”, afirma o CEO da Cimed.

A lógica para essa estratégia, na qual Adibe não deu um prazo de quando pode acontecer, é que o modelo farmacêutico é diferente do de consumo. Hoje, a Cimed trabalha com uma estrutura verticalizada e centralizada. E, além disso, as farmácias são o principal canal dos dois segmentos.

“A categoria de consumo atende a outros canais que não é só farma. E o modelo de Cimed hoje está exclusivamente em farma. O grande objetivo da companhia hoje é abrir outros canais”, diz Adibe. Entre os planos está crescer em supermercados.

Outro exemplo do que fala Adibe é a produção dos produtos, que está centralizada na fábrica de Pouso Alegre, em Minas Gerais – inclusive os itens da R2M. A meta é ter uma nova unidade fabril para concentrar os produtos de higiene e beleza. A estratégia faz parte de um investimento de R$ 2 bilhões até 2029 para aumentar a capacidade produtiva.

A Cimed já havia informado sobre os planos de ter uma unidade fabril no Norte ou Nordeste para ficar mais perto do consumidor dessas regiões e reduzir custos logísticos. Mas Adibe diz, agora, que a “preferência é o Nordeste” para construir a nova fábrica.” Estamos conversando com vários governos para ver qual o incentivo vamos ter melhor”, afirma o CEO. A nova planta, prevista para 2026, terá investimento de R$ 150 milhões.

Com todos esses movimentos, a meta da Cimed é que 50% do faturamento venha de consumo, apesar de serem produtos com margem de lucro menor. “Como os itens costumam ter prazo de validade inferior comparados aos medicamentos, se você errar, eles vencem na prateleira. Temos então que diminuir a margem para aumentar o giro”, afirma Adibe.

O interesse da Cimed pela área de consumo é fácil de ser compreendido. O mercado de beleza e cuidados pessoais, por exemplo, já movimenta R$ 173,4 bilhões no Brasil e tende a crescer. Dados do Euromonitor Internacional projetam que a categoria de beleza e cuidados pessoais irá movimentar R$ 267,6 bilhões em 2029, alta de 54,6% em relação a 2024.

A entrada do GIC, numa transação que foi 100% primária, deu mais fôlego para a Cimed – embora a farmacêutica brasileira tivesse um endividamento saudável na casa de 1 vez o seu Ebitda.

O dinheiro do Fundo Soberano de Cingapura vai ajudar a acelerar algumas metas. Neste ano, o plano da Cimed é faturar R$ 5 bilhões. Em 2029, a meta é chegar a R$ 10 bilhões.

“A entrada desse capital desalavanca a empresa, principalmente neste momento de taxas de juros muito altas”, afirma o CEO. “Aquisições no setor farmacêutico ou também em algumas categorias de consumo que podem ser complementares ao nosso portfólio sempre vão estar no nosso radar, mas nosso primeiro objetivo é manter a nossa linha de crescimento através do modelo orgânico.”

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Neofeed

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