Lucas Veloso mantém filme que seria patrocinado pela Braiscompany, mas quer ‘limpar projeto’

O humorista Lucas Veloso, um dos primeiros a denunciar a Braiscompany na redes sociais, mantém o projeto de realização do filme ‘Rico’s’, produção que aguardava investimento da empresa envolvida no golpe milionário. Porém, o filme não é mais sua prioridade, porque, segundo ele, teria sofrido um “desgaste midiático” após o escândalo envolvendo a empresa de criptoativos. 

“Eu venho preferindo dar prioridade a outras coisas até para deixar a impressão desse filme mais limpa, dar uma limpada na mídia, porque assim como todo mundo que caiu, eu acreditava que realmente ele (o empresário Antônio Ais) era sério”, afirmou. 

Lucas Veloso investiu dinheiro na Braiscompany e afirma que havia acertado com os proprietários da empresa um investimento no seu novo projeto, mas a verba nunca chegou. De acordo com o paraibano, atualmente, o dinheiro não é mais problema, mas quer se dedicar a outras obras que está envolvido, como um filme sobre a história do seu pai, o também humorista Shaolim. 

O ator também afirma que as denúncias que fez nas redes sociais não tiveram como ponto central a negativa de patrocínio.

“O problema nunca foi patrocínio ou não, porque todos os dias eu recebo umas 10 negativas de patrocínio pra um que diz ‘sim’. Se eu fosse me intrigar de todo mundo eu estaria lascado, não falava com mais ninguém. O problema foi quando ele começou a mexer com os meus seguidores, que atrasou o pagamento daquele senhorzinho que vendeu a moto pra botar o dinheiro lá (na Braiscompany)”, disse. 

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O personagem ‘Chico Bitcoin’

No início do escândalo, o humorista criou um personagem chamado “Chico Bitcoin”, inspirado no empresário Antônio Neto. De acordo com ele, a intenção nunca foi debochar das vítimas do golpe e de quem trabalha na empresa, mas não sabia do esquema fraudulento. 

“A minha intenção sempre foi zoar ele, é uma maneira de denunciar, como o Chico Anysio dizia, a obrigação única do humorista é denunciar, então o humor serve como uma ferramenta de denúncia também, se você faz uma imitação, exagerando uma situação, mas que as pessoas conseguem entender o contexto, você tá denunciando ali de uma maneira elegante, sem dizer que é legal, você tá fazendo o ri, tá mostrando que é um absurdo, mas sem dizer que aquilo é certo”, explicou. 

Humorista pede justiça para vítimas da empresa

O humorista Lucas Veloso afirma que a justiça contra os proprietários da Braiscompany será feita apenas quando os investidores que perderam dinheiro forem ressarcidos. O humorista garante que a sensação de ver o empresário Antônio Neto preso é prazerosa e acredita que o caso pode servir de exemplo para alertar contra outros golpes. 

“É muito prazeroso ver, porque o sentimento que a gente fica de injustiça, vendo a impunidade… a gente sabia que ele tava lá fora, sabia que ele tava gastando dinheiro, que ele tava luxando com o dinheiro dos outros. É muito bacana, é a sensação de saber que tem gente protegendo a gente, que a gente não tá sozinho. É muito legal mesmo”, afirmou. 

O ator também explica que “qualquer erro é uma oportunidade também para o acerto” e, por isso, pode servir de alerta para os mesmos investidores que perderam dinheiro para não caírem novamente no mesmo golpe. 

“A impressão que eu tenho é que as pessoas (investidores da Braiscompany), elas vão cair de novo, vai aparecer outro, vão cair de novo. Então tem que estar a gente aqui, que está participando dessa história, para lembrar essas outras pessoas e até quem vai esquecer, que participou desse escândalo e vai esquecer no futuro, para a gente falar assim: ‘aí, gatão, já vimos esse filme, vamos ter atenção mais com isso aí’”, afirmou. 

Caso Braiscompany

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Antônio Neto, conhecido como Antônio Neto Ais, e Fabricia Campos, fundadores da Braiscompany. Foto: Divulgação/Braiscompany

Antonio Inácio Da Silva Neto e Fabrícia Farias eram sócios da empresa de criptoativos Braiscompany, com sede na Paraíba. O casal liderou o esquema de pirâmide financeira da Braiscompany, responsável por desviar mais de R$ 1 bilhão de mais de 20 mil clientes, e que também foram condenados pela Justiça a uma pena somada de 150 anos, por crimes contra o sistema financeiro.

Segundo a sentença que condenou o grupo, estima-se que, até o momento, 16% do R$ 1,1 bilhão movimentado pelo esquema (R$ 176 milhões) foram desviados diretamente em favor do casal.

O “casal Braiscompany” já foi condenado pela Justiça. Antônio Inácio da Silva Neto pegou uma pena de 88 anos e 7 meses de prisão, e Fabrícia Farias, 61 anos e 11 meses. Também foram condenados outos 9 réus. O montante a ser reparado é de R$ 277 milhões em danos patrimoniais e R$ 100 milhões em dano coletivo.

Entre os crimes citados na sentença do juiz da 4ª Vara Federal em Campina Grande Vinícius Costa Vidor, estão operar instituição financeira sem autorização, gestão fraudulenta, apropriação e lavagem de capitais.

O nomes de Antônio e Fabrícia estavam desde fevereiro de 2023 na lista de procurados da Interpol, a polícia criminal internacional que age em todo mundo. O casal só foi preso um ano depois, na quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024, na Argentina.

Operação Halving

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Foto: divulgação/PF

A Braiscompany foi alvo de uma operação da Polícia Federal no dia 16 de fevereiro de 2023, que teve como objetivo combater crimes contra o sistema financeiro e o mercado de capitais. As ações da PF aconteceram na sede da empresa do ‘casal Braiscompany’ e em um condomínio fechado, em Campina Grande, e em João Pessoa e em São Paulo. A operação foi nomeada de Halving.

A empresa, idealizada pelo casal Antônio Ais e Fabrícia Ais, era especializada em gestão de ativos digitais e soluções em tecnologia blockchain. Os investidores convertiam seu dinheiro em ativos digitais, que eram “alugados” para a companhia e ficavam sob a gestão dela pelo período de um ano. Os rendimentos dos clientes representavam o pagamento pela locação dessas criptomoedas.

Um ano após a operação ser deflagrada, os dois sócios da Braiscompany, suspeitos do golpe financeiro, seguem foragidos.

O que a Braiscompany oferecia?

O ‘casal Braiscompany’ prometia um retorno financeiro ao redor de 8% ao mês, uma taxa considerada irreal pelos padrões usuais do mercado. Milhares de moradores de Campina Grande investiram suas economias pessoais na empresa, motivados pelo boca a boca entre parentes, amigos e conhecidos. Antônio Neto Ais, o fundador da companhia, disse em uma live que gerenciava R$ 600 milhões de 10 mil pessoas.

De acordo com a PF, os sócios da Braiscompany movimentaram cerca de R$ 1,5 bilhão nos últimos quatro anos.

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Fonte: Jornal da Paraíba

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