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Em mais um gesto de tolerância preocupante diante da escalada do crime organizado, o governo Lula rejeitou nesta terça-feira (6) a pressão dos Estados Unidos para que facções como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV) sejam classificadas como organizações terroristas.
O recado foi transmitido de forma protocolar a David Gamble, diplomata do Departamento de Estado dos EUA, durante reunião com técnicos de escalão inferior do Ministério da Justiça. A escolha de não enviar representantes de peso político ao encontro reforça a disposição do Planalto de minimizar o tema e evitar qualquer alinhamento com uma postura mais dura no combate ao crime.
Segundo o secretário nacional de Segurança Pública, Mário Sarrubbo — que se manteve distante das conversas —, “não consideramos as facções organizações terroristas. Em primeiro lugar, porque isso não se adequa ao nosso sistema legal, sendo que nossas facções não atuam em defesa de uma causa ou ideologia. Elas buscam o lucro através dos mais variados ilícitos”.
A argumentação jurídica ignora o contexto mais amplo: as facções não apenas controlam vastos territórios no Brasil, mas também articulam redes transnacionais de tráfico, lavagem de dinheiro e corrupção institucional, efeitos que extrapolam largamente a categoria de “criminalidade comum”.
Ao preferir a manutenção de uma abordagem tradicionalista e negacionista sobre a gravidade do problema, o governo Lula se distancia não apenas da pressão internacional, mas também da percepção de uma sociedade brasileira cada vez mais refém da violência.
Sarrubbo destacou ainda que o Brasil “tem dado respostas e trabalha ativamente na construção de políticas públicas combatendo essas facções”, mencionando presídios federais e a atuação de instituições como a polícia e o Ministério Público. Contudo, o discurso oficial contrasta com a realidade das ruas e das fronteiras, onde o poder das facções cresce de forma contínua.
O governo americano, sob influência do ex-presidente Donald Trump, estuda incluir o PCC e o CV na lista de organizações terroristas internacionais, à semelhança do que já fez com o grupo venezuelano Tren de Aragua. A medida é apoiada por setores conservadores, que acusam Lula de adotar uma postura passiva frente ao crime organizado.
Ao rejeitar categoricamente qualquer reclassificação, o governo Lula demonstra mais preocupação com alinhamentos ideológicos e jurídicos do que com a necessidade urgente de modernizar o combate às organizações criminosas que corroem o Estado de dentro para fora.

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Fonte : Hora Brasilia