A aposta de Lula (e dos empresários) com a viagem à China

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Brasília – Há uma expectativa inédita do governo federal e de empresários com a viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China nos próximos dias 12 e 13 de maio. Será a quarta visita oficial do petista ao país, mas desta vez existe uma guerra tarifária criada pelos Estados Unidos que abre oportunidades poucas vezes vistas para o comércio brasileiro.

Não, o Brasil não vai aderir ao megaprojeto “Nova rota da seda” para evitar desgastes com os Estados Unidos, que estarão atentos aos movimentos de Lula na China. Mas a ampliação dos negócios é vista como inevitável, dada a necessidade de importação de produtos pelos chineses depois das retaliações contra o governo de Donald Trump.

Em 2024, a China foi o mais importante destino dos produtos brasileiros (28% do que foi exportado no total e por 41,4% do superávit comercial). Os destaques ficaram com a soja, carne bovina e de aves, celulose e açúcar. Além disso, existem tratativas iniciadas pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa, para captação de investimentos no setor de energia.

Na semana passada, Costa esteve com representantes da empresa SpaceSail, que, em novembro do ano passado, estabeleceu um memorando de entendimento com a Telebrás durante visita de Xi Jinping ao Brasil. A empresa desenvolve serviço de internet de alta velocidade e é concorrente da Starlink, de Elon Musk.

“É o momento para volume de comércio com a China. Existe uma chance enorme de avanço, mas para isso precisam ser feitas algumas adequações sanitárias e fitossanitárias nos produtos brasileiros e também uma realocação dos volumes das trades oficiais”, diz Wagner Parente, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) e mestre em direito das relações econômicas internacionais pela PUC-SP.

Parente alerta para as diferenças das relações de mercado entre o Brasil e a China. “Lá na China não é igual aqui no Brasil que qualquer um pode chegar e importar, por exemplo, soja. Tem os representantes oficiais do governo que fazem isso. E eles seguem o direcionamento do governo central, do partido”, afirma Parente.

Existe um consenso entre especialistas em comércio exterior e economistas de que, mesmo com um eventual recuo dos EUA, qualquer avanço neste momento pode ser definitivo para o Brasil.

“Haverá uma retomada de uma pauta com a China que ganha ainda mais importância com a guerra tarifária aberta pelos EUA”, diz Cézar Bergo, economista e professor de mercado financeiro da Universidade de Brasília (UnB).

“Mesmo que as tarifas voltem a um patamar menos impeditivo para comércio, será difícil para os EUA retomar esse mercado que o Brasil pode ganhar agora num prazo curto”, diz Parente.

Do lado da China, haverá pressão sobretudo para o mercado de carros elétricos, numa disputa aberta com as montadoras instaladas no Brasil há muito tempo.

“E não parece que o Brasil vai entregar isso também agora, mas talvez algumas concessões o Brasil faça. A gente sabe que o imposto de importação de carro elétrico vai subir em julho do ano que vem, né? E até chegar ao nível dos 35%, a China vai tentar preservar o mercado”, afirma Parente.

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