Dos seis secretários de alto escalão que assumiram cargos no Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO) ao lado da ministra Simone Tebet (MDB), no início do terceiro governo Lula, apenas um continua no posto dois anos e quatro meses depois da posse. O remanescente é Gustavo Guimarães, atual número dois da pasta.
Os demais nomes deixaram seus cargos: Sérgio Firpo (Monitoramento e Avaliação), Renata Amaral (Assuntos Internacionais), Leany Lemos (Planejamento), Paulo Bijos (Orçamento) e Totó Parente (Relações Institucionais). A saída mais recente, confirmada nesta quarta-feira, 29, foi a de Firpo.
Bastidores de um ministério em crise
Segundo informações da CNN, Firpo já manifestava intenções de deixar o posto há algum tempo. Seu maior incômodo era “a dificuldade de ver as revisões propostas tornarem-se mudanças concretas”. Mas seu caso não foi isolado. Outras saídas também foram motivadas por insatisfações similares com a dinâmica interna do governo.
Entre os principais motivos, destacam-se os entraves enfrentados para avançar com “agendas estruturantes” do MPO. Internamente, técnicos avaliam que o “imediatismo” presente em parte das decisões do governo compromete a implementação de ações de médio e longo prazo.
Autonomia técnica vs. isolamento estratégico
Apesar das dificuldades, interlocutores reconhecem que a gestão de Tebet tem como diferencial garantir “autonomia técnica à equipe”. Esse aspecto é apontado como um mérito da ministra, ex-senadora e candidata à presidência, que apoiou Lula no segundo turno.
Entretanto, o isolamento político da ministra também é visto como um obstáculo. O Planejamento possui pouca inserção nas negociações estratégicas do governo federal, hoje dominadas por nomes do núcleo duro de Lula, como Gleisi Hoffmann, Rui Costa e Fernando Haddad.
“A postura improdutiva do presidente, aliás, explicaria o entrave para o funcionamento da pasta.”
Novos destinos dos ex-secretários
Os ex-integrantes da equipe de Tebet seguiram caminhos distintos. Totó Parente deixou o cargo por “motivos pessoais”. Renata Amaral foi para o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Leany Lemos optou pelo setor privado. Paulo Bijos, por fim, retornou à Câmara dos Deputados, de onde havia saído “sob empréstimo”.
Enquanto isso, com a permanência de Gustavo Guimarães, o ministério tenta manter uma certa continuidade em sua agenda técnica, apesar das dificuldades de consolidar seu espaço nas estruturas decisórias do governo.