Siga @radiopiranhas

Enquanto você reclama da falta de engajamento na última arte postada, o mundo lá fora está em guerra. Não uma guerra de tanques e bombas — ainda —, mas uma guerra silenciosa, estratégica, que já movimenta economias, ideologias e alianças políticas globais. De um lado, a China comunista, que, em poucas décadas, saiu do “made in miséria” para se tornar o maior canteiro de produção do planeta. De outro, os Estados Unidos, tentando manter o trono numa sala que a China já começou a redecorar. E, no meio da confusão, Donald Trump — que não está exatamente no meio, mas anda orquestrando esse caos com tarifas, discursos explosivos e aquela lógica econômica que só ele — e talvez mais uns três assessores — compreendem de verdade.

Nestes primeiros 100 dias de governo, Trump já deixou claro que não pretende brincar de diplomacia de salão: demitiu, cortou ajuda externa, reescreveu alianças e declarou guerra comercial. E, claro, como toda boa trama, temos os números: a aprovação de Trump, neste momento, é de apenas 39% entre os eleitores americanos.
O que levanta a pergunta: estamos diante de uma estratégia corajosa e visionária ou de uma implosão gradual?

A guerra comercial, especificamente contra a China, virou o palco central dessa disputa. De um lado, Trump sobe tarifas a níveis surreais sobre produtos chineses, num ataque comercial digno de filmes de ficção política. De outro, Xi Jinping avisa que a China já está com seu “plano de emergência” pronto para cenários extremos. Cada um com seu teatro. Cada um com suas cartas. E o mundo? Observa, sem entender muito se está assistindo a uma reedição moderna da Guerra Fria ou ao Kung-Fusão.
Trump entendeu que não dá pra enfrentar a China usando as regras educadas da ONU ou qualquer norma escrita num ambiente com ar-condicionado e água Perrier. E então, usou o que tinha: poder tarifário.
Começou com pequenas provocações e logo passou a escalar as taxas sobre os produtos chineses de forma tão agressiva que parecia pessoal. Foi subindo até se tornar praticamente proibitivo importar qualquer coisa da China. Um ataque comercial gradual, mas com a sutileza de um piano caindo do quinto andar.
E não pense que foi uma ação isolada. Trump chegou a subir tarifas de vários países, só pra depois baixar tudo e equalizar em um mesmo patamar — menos a China. Só pra deixar claro, com todas as letras (ou taxas), onde estava o problema.
Porque, veja bem, em política, como no xadrez, nem toda peça se move pra ser vista. Às vezes, ela se move para preparar o ataque que ninguém verá chegando.
Quem joga xadrez entende: você não faz um movimento porque ele parece bonito. Você faz porque ele se conecta com algo maior, com uma estrutura de proteção, com uma intenção que só se revela lá na frente. Se você está movendo a torre pra chamar atenção ou levando o bispo pro centro só pra bater foto, sinto informar — você vai perder.
E aqui vai a parte que dói: campanha política não é feed de Instagram. E like, meu amigo, não vence eleição.
Enquanto tem gente por aí gastando rios de dinheiro em post com bordas coloridas e frase de efeito, os estrategistas de verdade estão em silêncio. Reunindo. Conectando. Mapeando. Ouvindo. Entrando na casa das pessoas sem estardalhaço. Criando presença. Porque eles sabem que quem grita antes da hora vira ruído. Quem se move no tempo certo vira nome na urna.
Essa obsessão por aparecer — por ser curtido, validado, elogiado — é a armadilha moderna do político desesperado. A rede social, com seus algoritmos de dopamina, convenceu muita gente de que ser visto é sinônimo de ser relevante. Mas, na política, quanto mais você fala, mais você mostra. E, quanto mais você mostra, mais exposto fica.
A melhor jogada? Avançar sem ser notado. Criar vínculos reais, construir grupos locais, montar uma rede viva e orgânica de apoiadores que acreditam em você não porque viram um vídeo bonito, mas porque já te ouviram de perto.
É como dizem os mestres do tabuleiro: “A ameaça é mais poderosa que a execução.” Mostrar tudo, o tempo todo, esgota sua narrativa. Esconde o mistério. Rouba o impacto. Quando a campanha começar, é hora de falar alto. Mas agora, o mais sábio é falar baixo. Ou melhor: agir calado.
E, se você quiser vencer, precisa começar agora — do jeito certo. Entenda o seu território. Conheça o seu eleitor. Escreva menos legendas e mais planos. Forme alianças antes de formar carrosséis. Reforce sua base antes de reforçar seu feed.
Porque, no fim das contas, a eleição não é ganha por quem parece mais animado. É ganha por quem sabe exatamente o que está fazendo — mesmo que ninguém esteja vendo.
source
Fonte : Conexão Politica