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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já admite a possibilidade de exonerar Carlos Lupi do comando do Ministério da Previdência Social, em meio ao agravamento da crise provocada pelas fraudes em descontos irregulares de aposentadorias do INSS. A permanência de Lupi, que até o início da semana era tratada como provável, passou a ser vista no Palácio do Planalto como incerta.
Lula tem demonstrado irritação crescente com o desempenho de Lupi na condução do escândalo, considerado um dos maiores desgastes da gestão em meio à tentativa de recuperação da popularidade presidencial. Auxiliares próximos apontam que o ministro não conseguiu apresentar respostas eficazes nem conter o desgaste institucional após a deflagração da Operação Sem Desconto, que revelou fraudes envolvendo até R$ 6,3 bilhões em descontos ilegais entre 2019 e 2024.
Em audiência na Câmara dos Deputados, na terça-feira (29), Lupi tentou se defender, criticando a lógica dos descontos em folha e sugerindo que o INSS não deveria intermediar relações entre associações e beneficiários. No entanto, reconheceu que ainda não há consenso interno no governo sobre essa mudança de política.
“Não sei ainda como encaminhar isso. É uma opinião pessoal. Vou discutir internamente para ver se é opinião majoritária no governo”, disse o ministro.
O desgaste de Lupi se agravou após ele não apresentar um substituto para o ex-presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, demitido por ordem direta de Lula. Sem consultar o ministro da Previdência, o presidente nomeou Gilberto Waller Júnior, indicado com o aval da Advocacia-Geral da União (AGU) e da Controladoria-Geral da União (CGU).
A decisão de Lula de centralizar a nomeação e de dar carta branca ao novo presidente do INSS para promover mudanças estruturais foi interpretada como um claro esvaziamento da influência de Lupi.
Até quarta-feira (30), havia quem apostasse em uma “sobrevida política” para o ministro. No entanto, interlocutores do Planalto afirmam que o clima mudou e que a exoneração passou a ser tratada como uma resposta política necessária, embora até o momento não haja provas de envolvimento direto de Lupi nas irregularidades.
Apesar da defesa de Lupi de que medidas já estavam sendo tomadas — como auditorias internas e a exigência de biometria para descontos associativos — ficou claro que o governo só passou a agir após cobranças do Tribunal de Contas da União (TCU) e da repercussão pública negativa.
O desgaste é acentuado pelo histórico político: aliados de Lula lembram que Lupi não era a primeira escolha do presidente para o Ministério da Previdência; o nome preferido era o do secretário-executivo da pasta, Wolney Queiroz.
O governo também se esforça para enfatizar que a investigação foi iniciativa própria da gestão Lula, com atuação da CGU e da Polícia Federal para desmantelar o esquema. O que contradiz com a lentidão e a falta de respostas rápidas minaram a posição do ministro dentro do governo.

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Fonte : Hora Brasilia