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Em audiência na Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, usou de ironia para comentar a baixa remuneração dos policiais militares no Brasil. Ao ser questionado pelo deputado Pedro Aihara (PRD-MG) sobre salários que variam entre R$ 3 mil e R$ 4 mil em diversos estados, Lewandowski respondeu com uma comparação pessoal que soou provocativa:
“Sou professor da Universidade de São Paulo há 45 anos. Sou professor titular, chefiei departamentos, estou aposentado hoje. Ganho menos que um policial no meu Estado, que é São Paulo.”
A frase veio logo após o ministro admitir que a segurança pública enfrenta um problema estrutural: a falta de recursos. “O senhor tocou num ponto dolorido”, disse ao parlamentar mineiro. “O problema da segurança pública é a falta de dinheiro.”
Apesar de reconhecer o descompasso salarial, Lewandowski soou resignado e evitou apresentar soluções concretas ou propostas de recomposição salarial. Em vez disso, preferiu incluir os professores — sua própria categoria — entre as carreiras que também estariam mal remuneradas. “Lamentavelmente há uma distorção. Polícia e professor são mal remunerados”, declarou, relativizando o problema.
A resposta não agradou o deputado Pedro Aihara, que fez críticas diretas à gestão de prioridades no setor. “Não estou criticando o uso das câmeras [corporais nos uniformes]. Critico que se gaste mais com câmeras do que com remuneração e políticas de saúde mental, por exemplo”, disse o parlamentar.
O comentário irônico do ministro — que se apresentou como uma espécie de vítima paralela da desvalorização estatal — escancarou o distanciamento entre o discurso federal e a realidade das forças de segurança, que há anos cobram recomposição salarial, melhores condições de trabalho e suporte psicológico.
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Fonte : Hora Brasilia
