Estudo aponta macrotendências que devem moldar o setor produtivo brasileiro até 2040
O ano de 2024 registrou um marco positivo para o Produto Interno Bruto (PIB) do setor industrial, que cresceu 3,3% em relação ao ano anterior. Com uma alta de 4,3%, a Construção foi o destaque positivo, impulsionada por mais empregos na área, aumento na produção de materiais e maior volume de crédito.
Os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) refletem um ambiente de otimismo, reforçado por iniciativas como a Nova Indústria Brasil (NIB). Lançada em janeiro de 2024, a NIB, somada à expansão do crédito público, que alcançou R$ 507 bilhões até dezembro, sinaliza um esforço do governo para fortalecer a capacidade produtiva nacional.
No entanto, os desafios que se aproximam vão além da produtividade. Uma pesquisa conduzida pela Rede de Observatórios do Sistema Indústria lista 14 tendências para a produção industrial que devem afetar o setor até 2040. Entre elas, estão a integração de novas tecnologias, a transição verde e o reconhecimento das diversidades.
Transformações que moldam o presente e o futuro da indústria
A transformação digital já é realidade em muitas indústrias brasileiras. Ferramentas como sistemas ERP (Enterprise Resource Planning), softwares de manutenção preditiva, indicadores automatizados de desempenho e planilha de controle de produção para indústrias já são parte do cotidiano das fábricas.
No entanto, tudo indica que esse processo está longe de se encerrar. Um relatório da Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES) prevê que este ano será decisivo para a adoção de tecnologias como IA generativa e automação total. As tecnologias são consideradas estratégicas para superar gargalos estruturais, como a escassez de mão de obra qualificada e o aumento da pressão por práticas mais sustentáveis.
Sustentabilidade, aliás, é um pilar central na agenda industrial. Um estudo do Net Zero Industrial Policy Lab (NZIPL), da Universidade Johns Hopkins, aponta o Brasil como uma das quatro nações com maior potencial para liderar a indústria verde, ao lado de China, Estados Unidos e Rússia. O dado se alinha ao levantamento do IBGE de 2023, que mostra que 89,1% das médias e grandes empresas já adotam iniciativas ambientais, muitas delas focadas no controle da poluição e na redução de desperdícios.
Outro eixo é a diversidade. Em meio a um cenário global de revisão de políticas corporativas, empresas como McDonald’s, Amazon, Google e Meta vêm abandonando suas diretrizes voltadas à diversidade, equidade e inclusão (DEI), o que tem gerado intensos debates. Apesar disso, estudos da McKinsey & Company indicam que investir em diversidade pode ser vantajoso: companhias com representatividade étnica e racial apresentam 35% mais chances de superar a média de rendimento do setor.
Futuro exige adaptação
O avanço da automação e da Inteligência Artificial tem alterado o ambiente de negócios. Segundo estudo recente realizado pela PwC, intitulado “Futuro da Indústria: quebrando as barreiras e ampliando as fronteiras”, a adoção dessas tecnologias está obrigando empresas a repensarem suas estratégias para se manterem competitivas.
Entre os desafios desse novo cenário está compreender a diferença entre métricas e KPI. Enquanto as primeiras monitoram dados operacionais, os KPIs (Key Performance Indicators) permitem mensurar o desempenho estratégico.
Mas o caminho para essa maturidade estratégica depende de outros fatores igualmente complexos. A formação e retenção de talentos qualificados continua sendo um entrave, especialmente diante da demanda por perfis multidisciplinares, com domínio técnico e capacidade de adaptação às novas tecnologias. Ao mesmo tempo, o avanço da Inteligência Artificial e da digitalização exige atenção redobrada com a segurança de dados, o que demanda investimentos em infraestrutura e governança digital.
Outro aspecto que ganha protagonismo é a articulação entre diferentes atores do ecossistema industrial. A integração mais eficiente entre os setores produtivo, acadêmico e público será vital para o desenvolvimento de soluções sustentáveis, inovadoras e competitivas. Programas de cooperação, redes de pesquisa aplicada e políticas públicas mais direcionadas também devem ajudar a acelerar essa sinergia.