Suspeitos de torturar usuários de drogas e matar membro de facção são presos em operação da Polícia Civil


Célula de grupo criminoso foi apontada como responsável por vários crimes violentos cometidos em Paraíso do Tocantins. Operação prendeu três pessoas em flagrante por tráfico. Mandados de busca foram cumpridos em endereços de membros da facção, em Paraíso do Tocantins
Luiz de Castro/Governo do Tocantins
Três pessoas foram presas em flagrante por tráfico de drogas durante uma operação da Polícia Civil contra suspeitos de integrar uma organização criminosa, em Paraíso do Tocantins, na região central do estado. O grupo é investigado por diversos crimes violentos como tortura a usuários de drogas e homicídio.
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A operação, chamada de Rasante, foi conduzida pela 6ª Divisão Especializada de Combate ao Crime Organizado (DEIC) e cumpriu um mandado de prisão contra um homem de 27 anos, além de dez ordens de busca e apreensão nesta quarta-feira (30). Um menor de idade também foi apreendido. Os investigados não tiveram os nomes divulgados e o g1 não teve acesso à defesa deles.
O suspeito de 27 anos, conhecido no mundo do crime como Megamente ou Estudioso, tinha sido preso no dia 26 de abril por suspeita de tráfico de drogas. Nesta quarta-feira (30) a polícia cumpriu uma ordem de prisão preventiva contra ele dentro do presídio. Segundo a polícia, o investigado é um dos líderes do grupo, ocupando o cargo de “Regional da Centro-Oeste do Tocantins” dentro da facção.
Durante a operação foram apreendidos entorpecentes, insumos para o tráfico, máquinas de cartão e celulares. De acordo com a Polícia Civil, o material será analisado e pode contribuir para novos desdobramentos da investigação.
Conforme a polícia, dentro da organização criminosa há uma estrutura de divisão de cargos e funções, com integrantes que exercem funções típicas de “tribunais do crime”, impondo julgamentos paralelos a pessoas que descumprem as regras da facção.
As vítimas da facção na maioria das vezes são usuários de drogas que, após julgamento, “são submetidas a espancamento denominado ‘madeirada’, bem como outras formas de tortura extremamente violentas”, informou o delegado Antonio Onofre Oliveira.
Estrutura da facção
Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), a operação teve início após o assassinato de um dos membros da facção em janeiro desde ano. O suspeito do crime seria outro faccionado que teria matado o colega sem autorização dos líderes do grupo criminoso.
A organização criminosa é apontada como uma célula de uma facção paulista com atuação nacional. A investigação mapeou a estrutura do grupo e identificou boa parte dos membros, desde a liderança regional até a ponta operacional.
“No curso das investigações foi apurado que após os faccionados Solução e Atribulado terem assassinado um companheiro, no caso o Roy, sem o aval da cúpula da facção, as lideranças regionais realizaram um procedimento interno para apurar a conduta destes membros aplicando a eles o ‘afastamento’ das funções do cargo na Orcrim, materializando uma espécie de Procedimento Administrativo Disciplinar da facção, como se fossem um funcionário público”, comentou o delegado.
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Corregedoria paralela
Segundo a Polícia Civil, a facção possui uma espécie de ‘corregedoria paralela’ que realiza reuniões diárias por meio de ligações em aplicativos de mensagens. Os participantes são lideranças regionais e os ‘disciplinas’ (encarregados de executar as atividades).
Nesses encontros são feitos alinhamentos de estratégias, monitoramento de condutas internas e planejamento detalhado de futuras ações criminosas do grupo. Ao final, uma ata da reunião, chamada de “rasante”, é postada no grupo de mensagens.
“Observamos que os crimes de relevo ocorridos em Paraíso e região são orquestrados pela organização criminosa. Os crimes que são cometidos sem o aval do comando sujeitam os responsáveis a procedimentos correicionais internos da facção”, explicou o delegado.
Conforme a investigação, as penas variam desde afastamento das funções, uma surra, mutilação e até mesmo a morte do faccionado que agiu sem consentimento dos superiores.
Suspeitos integrar facção criminosa são alvos da polícia civil em Paraíso do Tocantins
Conforme apurado, os integrantes da facção são responsáveis por vários crimes registrados na região de Paraíso, incluindo furtos, roubos de valores e de armas de fogo.
Segundo o delegado, foram identificados indivíduos com extensa ficha de antecedentes criminais, com várias passagens pelo sistema prisional e envolvimento em crimes graves, incluindo homicídios, tráfico de drogas, sequestros, cárcere privado e torturas.
Máquinas de cartão apreendidas durante a Operação Rasante
Luiz de Castro/Governo do Tocantins
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