
Casa Branca acusa empresa de ‘ato político’ ao considerar detalhar impacto de tarifas de Trump para clientes Bezos, fundador da Amazon, e Trump, presidente dos EUA.
France Presse
A Casa Branca rebateu um suposto plano da Amazon de detalhar para seus clientes o impacto das tarifas comerciais impostas por Donald Trump, classificando a iniciativa como um ato político “hostil”.
A Amazon disse ao jornal The Washington Post que avalia a possibilidade de discriminar os custos das tarifas para os clientes da Amazon Haul, um site de baixo custo lançado nos Estados Unidos no ano passado para competir com Shein e Temu.
A empresa, no entanto, negou que tal medida tenha sido considerada para sua principal plataforma de comércio eletrônico.
Ainda assim, a decisão da Casa Branca de reagir ao relatório é um indicativo da pressão enfrentada pelo governo em relação às novas tarifas de importação, que, segundo analistas, devem levar ao aumento de preços para os consumidores e ampliar os riscos de uma recessão.
Durante uma coletiva de imprensa para marcar os 100 dias do governo Trump, a secretária de imprensa Karoline Leavitt disse ter discutido o plano da Amazon com o presidente e afirmou que a medida representava “mais um motivo pelo qual os americanos deveriam comprar produtos americanos”.
“Trata-se de um ato hostil e político por parte da Amazon”, disse ela. “Por que a Amazon não fez isso quando o governo Biden elevou a inflação ao maior nível em 40 anos?”
Desde que reassumiu o cargo em janeiro, Trump aumentou as tarifas, alegando que isso impulsionaria a indústria nacional e aumentaria a arrecadação tributária dos EUA.
Mesmo após ter recuado em algumas de suas propostas iniciais neste mês, os anúncios de Trump deixaram muitas importações sujeitas a novas taxas de ao menos 10%, enquanto produtos da China agora enfrentam tarifas de importação de pelo menos 145%.
As medidas provocaram uma queda acentuada no comércio entre os dois países e alimentaram temores de choques na cadeia de suprimentos e escassez de produtos — de carrinhos de bebê a guarda-chuvas — dos quais a China é uma grande fornecedora.
Na terça-feira, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, defendeu o desempenho econômico do governo e afirmou que estão em andamento negociações comerciais com muitos dos principais parceiros dos EUA.
Ele, no entanto, evitou responder se os EUA estão em tratativas com a China, que foi o terceiro maior país exportador para o mercado americano no ano passado, atrás apenas da União Europeia e do México.
Algumas empresas já começaram a detalhar os custos das tarifas para os consumidores. Shein e Temu, por exemplo, anunciaram aumentos de preços.
Segundo analistas, comerciantes chineses representam cerca da metade dos vendedores na Amazon nos EUA.
O plano da Amazon de mostrar o impacto das tarifas aos clientes foi inicialmente divulgado na terça-feira pelo site Punchbowl News, que citou uma fonte anônima. A empresa não respondeu ao pedido de comentário da BBC.
Jeff Bezos, fundador da Amazon e proprietário do Washington Post, se reuniu com Trump após as eleições e elogiou sua agenda de desregulamentação e cortes de impostos.
A Amazon foi uma das muitas empresas que doaram para a cerimônia de posse do presidente, e Bezos teve um lugar de honra no evento.
Mas a relação entre os dois sempre foi tensa.
Durante seu primeiro mandato, Trump criticou repetidamente a Amazon e o Washington Post, enquanto Bezos, em 2016, acusou o então candidato de usar uma retórica que “corrói nossa democracia pelas bordas” e chegou a brincar dizendo que gostaria de enviá-lo ao espaço em um foguete.
Em 2019, a Amazon entrou com uma ação contra o Pentágono, alegando ter sido excluída de um contrato de US$ 10 bilhões porque Trump teria decidido “perseguir seus próprios interesses pessoais e políticos” com o objetivo de prejudicar Bezos, “seu inimigo político percebido”.
Com colaboração de Bernd Debussman Jr.
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