O que começou com trilhas e cascatas espalhadas pelo interior do estado se transformou em uma jornada surpreendente por todos os 497 municípios do Rio Grande do Sul, além de diversos outros destinos. A engenheira civil Ana Cristina Fiegenbaum, de 30 anos, e o soldador e montador Evandro André Scheid, de 38, ambos moradores da Linha Geraldo, em Estrela, concluíram no ano passado um roteiro ambicioso: visitar todas as cidades gaúchas. Agora, aguardam a chegada de Alice, a primeira filha, para continuar a jornada de descobertas.
A ideia surgiu há cerca de quatro anos, quando o casal, já experiente em aventuras e apaixonado por viagens, decidiu transformar o lazer em meta. “A gente já conhecia quase 100 cidades por causa das trilhas, campings e cachoeiras. Mas aí resolvemos fazer um roteiro focado em municípios mesmo”, conta Ana. Com um mapa do estado em mãos, onde marcavam cada cidade visitada, os dois começaram a traçar roteiros de fim de semana, saindo de casa por volta das 4h da manhã e rodando até o anoitecer.
Morando na região central do estado, o casal aproveitou a logística favorável para se deslocar para todos os cantos. Em cidades próximas, conseguiam visitar diversas em um único fim de semana. Em certos momentos enfrentaram estradas em péssimo estado de conservação e locais sem estrutura.
Mesmo assim, seguiram firmes nos passos. “Chegamos a fazer a volta ao redor da Lagoa dos Patos, entrando em todos os municípios da região sul. Passamos por Pelotas, Arroio do Padre, Mariana Pimentel, atravessamos a balsa até São José do Norte, depois Tavares, e fomos até Torres”, lembra Ana.
Além das viagens pelo Rio Grande do Sul, Ana e Evandro também se aventuraram pelo Brasil e pelo mundo. Com o próprio carro, chegaram até São Paulo e cruzaram o Deserto do Atacama, no Chile. Eles também conheceram regiões da Argentina, como Ushuaia, El Calafate e Bariloche. Também realizaram o sonho de conhecer a Europa, visitando Alemanha, Holanda, Áustria, Suíça, Liechtenstein e França.
“Cada local tem suas particularidades”
Ao serem questionados sobre os destinos favoritos, o casal é unânime: é difícil escolher. “Cada lugar tem suas particularidades. Aprendemos a gostar de cada paisagem, mesmo que seja uma estrada monótona. Estando com o parceiro do lado e fazendo o que gostamos, é o que importa”, diz Evandro. Ainda assim, as viagens para a Europa e para o Deserto do Atacama brilham os olhos dos dois. “Ficaríamos dias contando essas histórias. Faríamos tudo de novo, exatamente igual”, complementa Ana.
Mas nem só de paisagens e encantos se fazem essas aventuras. O casal enfrentou alguns perrengues ao longo do caminho. No Chile, tiveram problemas com o carro — a injeção eletrônica acusou erro por causa do combustível mais puro — e precisaram procurar uma oficina com scanner no meio do deserto. Também tiveram um vidro do carro quebrado durante um furto, o que exigiu improviso para seguir viagem. Em outra ocasião, Ana precisou passar o dia no hospital em Minas Gerais, após uma infecção intestinal, já grávida de Alice.
No Estado, enfrentaram o abandono de rodovias. “A rodovia simplesmente acabava, ou passava de uma pista dupla asfaltada para estrada de chão. Já precisei descer do carro e atravessar uma laje, onde não havia ponte, para ver se dava para passar com o carro”, relata Ana.
Apesar dos contratempos, os dois sempre buscaram planejar bem cada roteiro, com hospedagem reservada e paradas estratégicas. “Planejo tudo com antecedência, principalmente onde tem estrutura precária, onde precisamos abastecer ou fazer um lanche”, explica ela.
A chegada de Alice
A jornada foi concluída em setembro de 2023, justamente no fim de semana do feriado Farroupilha. Ao retornarem de viagem, Ana descobriu que estava grávida da primeira filha do casal, que deve nascer ainda em maio. A chegada da bebê coincide com outros marcos importantes: o casal completou 11 anos de relacionamento e 1 ano de casamento no último dia 6, data em que realizaram o chá de fraldas.
Agora, com 35 semanas de gestação, Ana segue ativa, inclusive participando de atividades físicas. O espírito aventureiro agora se prepara para um novo capítulo: a vida em família. E, mesmo com a necessidade de uma pausa ou redução no ritmo — que já chegou a 14 ou 15 horas de estrada em um único dia — eles garantem que as viagens continuarão. “Com certeza a Alice vai ter que entrar no embalo e ir junto nas próximas”, dizem, sorrindo.
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