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A agenda cultural da semana se inicia em altíssimo nível, com mais uma edição do Palco Tabajara 2025. Dirigida pelos jornalistas Marcos Thomaz e Val Donato, a rodada do programa de hoje começa às 20h, na Sala Vladimir Carvalho da Usina Cultural Energisa, na capital paraibana, e traz ao tablado o cantor e compositor Kennedy Costa e o projeto Som na Calçadinha. O evento — uma iniciativa da Empresa Paraibana de Comunicação (EPC) — é aberto ao público. Haverá também uma transmissão ao vivo pela Rádio Tabajara (105,5 FM) e pelo canal do YouTube da emissora.
O Palco Tabajara acontece sempre às terças-feiras. Toda semana passam pelo programa dois representantes da música paraibana. Na semana passada, as vencedoras do Festival de Música da Paraíba, Bixarte e Pri Cler e As Panteronas, estrearam a temporada 2025 com casa lotada. Na próxima terça-feira (6) é a vez de Maria e Ruanna abrilhantarem o evento, seguidas por Totonho e Nicácio e Banda (dia 13). Em junho, apresentam-se Os Fulano e Escurinho (no dia 3) e Gitana Pimentel e Lily Sanfoneira (dia 10).
Kennedy Costa lançou em janeiro deste ano o álbum Pessoas, disponível em todas as plataformas de streaming de áudio. A ideia é lançar, no show de hoje, o EP de sete faixas. “Vai ser um misto de canções desse novo álbum, canções de um álbum que eu lancei anteriormente, chamado Cabo Branco, e canções do meu primeiro disco, Vem Ver a Tribo Dançar [2004]”.
Acompanhado por quatro músicos, Kennedy Costa cantará um repertório de 10 canções que passeiam por seus trabalhos. Esta é a primeira vez que o músico participa do Palco Tabajara. “A Empresa Paraibana de Comunicação tem uma visão muito importante sobre a cena musical da cidade”, diz ele. “E o Palco Tabajara é mais um espaço que se abriu para que os artistas possam ir lá, mostrar seu trabalho, convidar a cidade a resgatar a sua autoestima através do conhecimento do que é produzido na cidade. É um projeto também de formação de plateia. Então, acho superimportante todo tipo de projeto que abre essa perspectiva para que os artistas possam ir lá, e desengavetar suas canções”.
Conscientização ambiental
“Resolvemos sentar na calçadinha, na altura da pousada Golfinho, na praia do Bessa, para tocar. Tocar nossas músicas, tocar música boa. A gente estava meio cansado dessa mesmice que se toca por aí e partimos para tocar um Chico Buarque, músicas autorais e relembrar algumas clássicas”, lembra Wagner Malta, fundador do projeto cultural Som na Calçadinha.
Criado em fevereiro de 2022, o grupo vem mesmo transformando o cenário musical da praia do Bessa, em João Pessoa, ao promover a valorização da música autoral — e, inclusive, a conscientização ambiental.
Surgido de uma iniciativa voluntária de artistas locais, a iniciativa se tornou um ponto de encontro para amantes da boa música e da cultura paraibana. Começaram com a ideia de reunir compositores e cantores para tocarem as próprias canções, inicialmente com pequenos encontros na calçadinha da praia do Bessa. “Mas foi chegando gente e foi chegando gente, ao ponto em que, depois de quase dois anos e meio, a gente resolveu ir para a areia da praia, porque já estava incomodando a rua”, explica Malta.
Atualmente, o Som na Calçadinha acontece duas vezes por mês, próximo às luas cheia e nova, aproveitando o período em a maré está baixa. Cada edição conta com 32 cantores diferentes, que se apresentam na faixa de areia da praia ou em locais alternativos, como praças adjacentes. O formato inclui música autoral, instrumental, infantis e artistas de diferentes gerações. “Damos prioridade aos talentos locais, mas também abraçamos novos participantes. É um espaço diverso e colaborativo”, ressalta Malta.
Com a expansão do projeto, surgiu a preocupação com o impacto ambiental, já que a proximidade com áreas de desova de tartarugas levou à busca de orientação junto à Associação Guajiru. “Mapeamos os ninhos e mudamos algumas edições para praças ou áreas de menor incidência. Recentemente, promovemos ações sustentáveis, como coleta de lixo e distribuição de mudas”, detalha o organizador.
O reconhecimento do Som na Calçadinha já levou o grupo a outros palcos, como a Praça dos Imortais, em Intermares, e, hoje, ao Palco Tabajara, com um show que sintetiza sua proposta. A apresentação terá seis artistas, cada um interpretando duas músicas autorais, com o acompanhamento de um trio instrumental. “São basicamente os fundadores do Som na Calçadinha. E nós vamos priorizar também a música autoral. É uma oportunidade de levar nossa essência a um público ainda maior, através da transmissão da Rádio Tabajara”, comenta Malta.
Entre os participantes estão Wagner Malta, Paulo Sampaio e Lídia Bimbi, fundadores do projeto, além de Bianca Vieira e Duda Ferraz do grupo Maha Lila — ambos pernambucanos radicados na Paraíba —, que também contribuem com sua música autoral. “Não somos uma banda fixa. A vontade é chamar todo mundo, mas é muito pouco tempo. A gente achou por bem chamar quem está ralando desde o começo, que já tem o trabalho autoral também há mais tempo”, esclarece Wagner Malta.
Justo por esse caráter colaborativo do grupo, o músico afirma que muita gente sempre entra em contato procurando saber sobre como participar do Som na Calçadinha. “É só a pessoa entrar lá no Instagram do grupo (@somnacalcadinha) e se propor a tocar. Dizer o nome e mandar uma amostra do trabalho”, explica.
Inovando em seu formato, o Palco Tabajara ao mesmo tempo em que entrega shows de excelência, resgata a forma dos programas tradicionais de rádio com a presença do público — os auditórios da chamada “Era de ouro do rádio” —, com duas horas de música entremeadas por um bate–papo ao vivo entre os participantes, mediado por quem entende do assunto, a cantora e compositora Val Donato.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 29 de abril de 2025.
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A União