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Documentos oficiais revelam que o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, foi formalmente alertado sobre o crescimento dos descontos não autorizados em aposentadorias do INSS ainda em junho de 2023, mas falhou em tomar medidas efetivas para conter o problema. As informações foram divulgadas pelo Jornal Nacional, da TV Globo.
Atas de reuniões da cúpula do ministério mostram que a conselheira Tonia Galleti tentou incluir o tema dos Acordos de Cooperação Técnica (ACTs) — que permitiam descontos de mensalidades associativas nos benefícios — na pauta de discussões, mas a proposta foi rejeitada sob alegação de que a agenda já estava fechada.
O registro de junho de 2023 aponta que Galleti insistiu na necessidade de discutir o aumento das denúncias, pedindo a apresentação de dados detalhados sobre o número de entidades conveniadas, a evolução do número de associados e propostas de regulamentação para maior proteção dos aposentados. O ministro Carlos Lupi reconheceu a importância da demanda, mas alegou que seria necessário um levantamento mais apurado antes de qualquer ação e prometeu pautar o tema na reunião seguinte.
No entanto, 45 dias depois, em 27 de julho de 2023, a nova reunião ignorou o assunto, priorizando outras discussões. O tema só voltou oficialmente à pauta em abril de 2024 — quase dez meses após o primeiro alerta — quando o esquema de descontos fraudulentos já era investigado pela Controladoria-Geral da União (CGU) e pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
Nesse período de omissão, os danos aumentaram exponencialmente. Auditoria da CGU revelou que o volume de descontos triplicou em menos de um ano, alcançando a marca de quase R$ 250 milhões por mês. A ausência de medidas concretas permitiu o agravamento de um esquema que, segundo estimativas, desviou cerca de R$ 6 bilhões de aposentados.
Mesmo com os alertas internos e a escalada das denúncias, as instituições suspeitas só foram descredenciadas após a deflagração de operações da Polícia Federal e da CGU, no último dia 23 de abril de 2025.
Em nota à imprensa, o ministro Carlos Lupi confirmou que foi informado sobre o problema em 2023, mas afirmou que, a partir daquele momento, o INSS teria iniciado um processo de revisão das normas, resultando na publicação de uma instrução normativa com novas regras em março de 2024. Contudo, a demora entre o alerta e a adoção das medidas concretas — durante um período em que o esquema de fraudes se ampliou — gerou críticas quanto à eficácia e à responsabilidade da gestão.
O caso revela fragilidades profundas na capacidade de resposta do Ministério da Previdência Social frente a denúncias graves, e coloca sob escrutínio a atuação de Carlos Lupi, em um dos momentos mais delicados para a credibilidade da administração pública.
Com o impacto direto sobre milhões de aposentados e a enorme soma de recursos desviados, a demora na ação poderá alimentar investigações sobre possíveis omissões administrativas e reforçar a cobrança por maior rigor e transparência na gestão dos benefícios sociais.

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Fonte : Hora Brasilia