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A viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Vaticano para o funeral do Papa Francisco, realizado no último sábado, 26 de abril, revelou mais do que apenas uma homenagem: expôs falhas na transparência da gestão federal. A lista oficial de passageiros, divulgada pelo Palácio do Planalto, omitiu nomes de pessoas que embarcaram no avião presidencial.
O documento público apresentava 20 nomes, incluindo o próprio presidente Lula, a primeira-dama Janja da Silva, quatro ministros de Estado e o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso. Senadores e deputados federais também foram listados como integrantes da comitiva oficial.
Contudo, imagens do desembarque em Roma mostram que o grupo era maior do que o informado. Entre os presentes não listados estava a procuradora da Fazenda Nacional, Rita Nolasco, namorada de Barroso, que aparece descendo da aeronave ao lado do presidente do STF. Ao todo, as imagens sugerem pelo menos 21 passageiros ou tripulantes, superando o número registrado na lista oficial.
Embora o governo costume justificar a omissão de nomes com o argumento de que assessores e acompanhantes pessoais não precisam constar em listas oficiais, a prática volta a ser alvo de críticas. Especialistas em administração pública alertam que a ausência de transparência sobre quem participa de missões oficiais mina a confiança na gestão e gera suspeitas sobre o uso de recursos públicos.
Entre os nomes que constavam na lista oficial estavam o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira; o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski; o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira; a ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo; e o assessor-chefe da Assessoria Especial da Presidência, Celso Amorim.
Também integravam a comitiva o presidente do Congresso Nacional, senador Davi Alcolumbre (União-AP), e o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), além de parlamentares como Renan Calheiros (MDB-AL), Leila Barros (PDT-DF), Soraya Thronicke (Podemos-MS), Luis Tibé (Avante-MG), Odair Cunha (PT-MG) e Padre João (PT-MG).
Durante a cerimônia, Lula afirmou que a comitiva representava o agradecimento do povo brasileiro pela liderança de Papa Francisco, definido pelo presidente como “um grande líder religioso e político contra a guerra e a desigualdade”.
Apesar da natureza simbólica da viagem, o episódio reforça uma prática recorrente que compromete o compromisso de transparência do governo federal. A ausência de informações completas sobre quem viaja em missões oficiais não apenas dificulta o controle social, mas também abre espaço para questionamentos sobre a utilização de recursos públicos para fins particulares.
O Palácio do Planalto, até o momento, não se manifestou sobre a divergência entre a lista oficial e as imagens do desembarque.

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Fonte : Hora Brasilia