Compra Assistida: Apenas 1,5 mil beneficiários são atendidos diante de uma demanda de 22 mil no RS

Programa federal busca ajudar vítimas das enchentes de 2024, mas o ritmo de entregas ainda está aquém da necessidade

Após o desastre causado pelas enchentes de maio de 2024, muitos gaúchos ainda enfrentam dificuldades para reconstruir suas vidas e recuperar o que perderam. Em meio a essa difícil realidade, o programa Compra Assistida tem sido uma das principais alternativas para as vítimas da catástrofe, oferecendo a possibilidade de aquisição de novos imóveis ou reformas. No entanto, até o momento, o número de beneficiários atendidos está muito abaixo da demanda estimada, atingindo apenas 1,5 mil famílias, enquanto a necessidade é de 22 mil.

Luciane da Rosa Bairros, cozinheira de 54 anos, é uma das contempladas. Moradora do bairro Moinhos, em Estrela, no Vale do Taquari, ela perdeu sua casa para as águas e viveu quase 12 meses entre abrigos e casas alugadas. Agora, com as chaves de sua nova residência, Luciane não conteve a emoção ao poder, finalmente, retomar sua rotina em um lar próprio. “Ganhei minha casa e, se Deus quiser, vai ser um centro de bênçãos para mim”, afirmou emocionada, ao lado do filho e dos netos, que agora podem viver com mais dignidade.

O programa Compra Assistida foi criado para ajudar famílias atingidas pelas enchentes, permitindo que escolham seus imóveis em qualquer cidade do estado, desde que atendam aos requisitos e o valor não ultrapasse R$ 200 mil. No entanto, o secretário de apoio à reconstrução do Rio Grande do Sul, Maneco Hassen, reconhece que o número de contratos assinados ainda está aquém da necessidade: “A demanda é enorme, e estamos trabalhando para acelerar o processo. Mas é preciso que todos os laudos e cadastros sejam finalizados pelas prefeituras”, explicou.

Além do Compra Assistida, o programa Minha Casa, Minha Vida autorizou a construção de 7,5 mil unidades habitacionais no estado. No entanto, a diferença entre a quantidade de imóveis disponíveis e a demanda é evidente, e muitos ainda estão aguardando para ver sua situação resolvida.

A situação de famílias como a de Marlize Inês Machado e Celso Antônio Machado, que perderam dois terrenos e um mercadinho na cidade de Estrela, ilustra a realidade de muitos que estão no processo de reconstrução. “A gente segue em frente, mas é importante recuperar uma parte do que perdemos”, disse Celso, que também celebrava a assinatura do contrato para a nova casa. “Se eu tivesse ficado lá também não estaria aqui hoje”, completou, lembrando com gratidão da ajuda recebida.

Outro caso emblemático é o de Sinírio Schneiger, agricultor de 70 anos, que também foi afetado pelas enchentes. Ele assinou um contrato de subvenção para reforma de sua casa, além de receber recursos do programa Minha Casa, Minha Vida Calamidade. “Passamos a vida inteira na roça e, por causa das dificuldades, não pudemos fazer uma reforma”, lamentou Sinírio, que agora vê uma nova esperança no horizonte.

Para Caio Santana, presidente da Cooperativa de Habitação Camponesa, a recuperação dos lares é um passo essencial para a recuperação da dignidade das famílias. “Toda família que tem um lar volta a ter dignidade, esperança, e energia para olhar pra frente e refazer a vida”, afirmou Santana.

Embora o programa Compra Assistida e as iniciativas de reforma estejam dando suporte a algumas famílias, o ritmo de entrega e o número de beneficiários atendidos ainda estão longe de suprir a enorme demanda gerada pela tragédia. O estado continua trabalhando para viabilizar soluções, mas, até que isso aconteça, muitas famílias ainda enfrentam desafios para reconstruir seus lares e suas vidas.

Foto Joédson Alves/Agência Brasil

Fonte: Agência Brasil

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