A crise do ESG chega aos fundos de investimento da Europa (fuga de capital é recorde)

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Os investidores europeus retiraram US$ 1,2 bilhão de fundos sustentáveis no primeiro trimestre deste ano, em um claro sinal de que a reação dos Estados Unidos contra investimentos ambientais, sociais e baseados em governança corporativa (ESG, na sigla em inglês) está contaminando mercados do mundo inteiro.

De acordo com levantamento da Morningstar, a maior empresa de dados sobre fundos de investimentos do mundo, foi a primeira vez que os fundos ESG europeus registram tamanho êxodo de capital num trimestre – os investidores americanos vêm reduzindo sua exposição a fundos mútuos sustentáveis pelo 10º trimestre consecutivo.

No total, 94 fundos europeus foram liquidados ou fundidos, enquanto os fechamentos de fundos nos EUA atingiram um nível trimestral recorde de 20, revela o levantamento.

“A Ásia também viu saídas líquidas, embora o Canadá e a Austrália/Nova Zelândia tenham atraído dinheiro novo líquido”, afirma Hortense Bioy, chefe de pesquisa de investimentos sustentáveis ​​da Morningstar Sustainalytics.

Em meio à incerteza geopolítica e à repressão aos investimentos ESG nos EUA e em outros lugares, os investidores sacaram cerca de US$ 8,6 bilhões de fundos elegíveis para esse fim no mundo inteiro – uma “reversão drástica”, na definição da Bioy, em relação aos US$ 18,1 bilhões de entradas observados no trimestre anterior.

Segundo ela, é surpreendente que a resistência aos fundos associados à sigla ESG – um conjunto de critérios que avaliam se uma empresa é sustentável, socialmente responsável e bem gerida – esteja se espalhando para a Europa, a região onde o conceito se consolidou e que responde por 84% dos US$ 3,2 trilhões mantidos em fundos ESG globalmente.

O conceito ESG tem sido criticado por muitos na direita política, que argumentam que ele prioriza agendas sociais e políticas controversas em detrimento de retornos financeiros, inaugurando uma forma de “capitalismo consciente”.

As retiradas ocorreram apesar da forte compra de fundos convencionais, principalmente na Europa, durante o trimestre, o que significa que não foram motivadas por uma retirada mais ampla de investidores do mercado.

“A reação negativa aos princípios ESG vinda dos EUA está afetando gestores e os tornando mais cautelosos globalmente”, disse Bioy. “Está influenciando a maneira como eles falam sobre produtos e os vendem fora dos EUA.”

Com a União Europeia pronta para reforçar as regras anti-greenwashing relacionadas aos nomes de fundos de investimento, a Morningstar descobriu que 335 produtos sustentáveis ​​mudaram seus nomes na Europa durante o primeiro trimestre, incluindo 116 que abandonaram termos relacionados a ESG.

Por outro lado, a chefe de pesquisa da Moringstar revelou que a pressão política para redefinir empresas ligadas ao setor de Defesa como participações aceitáveis ​​para fundos ESG na Europa está enfrentando resistência dos adeptos do investimento sustentável.

“Os reguladores estão dizendo que é aceitável investir em armas”, disse ela. “Isso é algo que os investidores de fundos ESG de alguns anos atrás jamais teriam aceitado.”

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Neofeed

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