
Prisão ocorreu por volta das 4h em Maceió. Ex-presidente disse que estava se dirigindo a Brasília para se entregar às autoridades. Ele passou por exames e foi transferido para presídio na capital alagoana. O ex-presidente Fernando Collor (à direita na imagem) durante audiência de custódia na Superintendência da PF em Alagoas
Reprodução
O ex-presidente Fernando Collor afirmou, durante audiência de custódia, que foi preso por volta das 4h da manhã desta sexta-feira (25) no Aeroporto de Maceió, onde embarcaria com destino a Brasília para se entregar às autoridades.
A TV Globo obteve a gravação da audiência, da qual Collor participou por videoconferência na Superintendência da Polícia Federal em Alagoas.
No vídeo, o ex-presidente diz que passou por alguns exames e afirma que prefere cumprir a pena em Alagoas, ao ser questionado se gostaria de ficar em Maceió ou ser transferido para Brasília.
Collor foi condenado, em 2023, a 8 anos e 10 meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro, em um processo derivado da Lava Jato. A prisão do ex-presidente foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, nesta quinta-feira (24).
Após a audiência de custódia, Moraes determinou a transferência de Collor,
O processo e a condenação
Camila Bomfim: Collor está em sala especial na PF em Alagoas e não apresentou resistência
Collor foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao STF em agosto de 2015 por corrupção passiva, lavagem de dinheiro, organização criminosa, peculato e obstrução de Justiça.
➡️ Ao torná-lo réu em 2017, no entanto, o STF “descartou” as acusações de peculato e obstrução de Justiça.
➡️ E ao condenar, em 2023, considerou que o crime de organização criminosa já estava prescrito – ou seja, não cabia mais punição.
➡️ Para os ministros do STF, a propina devidamente comprovada foi de R$ 20 milhões, valor menor que os R$ 26 milhões apontados pela PGR na denúncia.
O caso foi julgado no STF porque, na época da denúncia, o político era senador pelo PTB de Alagoas. Quatro pessoas ligadas a ele também foram denunciadas.
Segundo a PGR, Fernando Collor recebeu R$ 26 milhões entre 2010 e 2014 como propina por ter “intermediado” contratos firmados pela BR Distribuidora, à época vinculada à Petrobras.
A BR Distribuidora, inclusive, tinha dois diretores indicados por Collor.
Os contratos envolviam revenda de combustíveis, construção de bases para distribuição e gestão de pagamentos e programas de milhagem.
Segundo a denúncia, Collor usava sua influência na BR Distribuidora para favorecer determinadas empresas – e, em troca, recebia uma “comissão” sobre os contratos firmados.
Collor apareceu nos relatos de pelo menos três delatores da Lava Jato:
o doleiro Alberto Youssef disse que o ex-presidente recebeu R$ 3 milhões;
o dono da construtora UTC, Ricardo Pessoa, citou R$ 20 milhões em propina;
auxiliar de Youssef, Rafael Ângulo disse que entregou pessoalmente a Collor R$ 60 mil em notas de R$ 100 em um apartamento em São Paulo – dinheiro de corrupção.
Durante as investigações, a PF apreendeu três veículos em uma casa de Collor em Brasília: uma Ferrari, um Porsche e uma Lamborghini. Todos, em nome de empresas de fachada.
Segundo as investigações, a compra de carros luxuosos, imóveis e obras de arte era uma estratégia para lavar o dinheiro da corrupção.