A Polícia Rodoviária Federal (PRF) encerrou à meia-noite desta segunda-feira (21) o balanço da Operação Semana Santa 2025, que reforçou o patrulhamento nas rodovias federais de Santa Catarina ao longo de cinco dias consecutivos. O resultado do chamado “superferiadão” foi preocupante: ao todo, 145 acidentes foram registrados, deixando 164 pessoas feridas e nove mortos.
Entre as vítimas fatais, cinco eram pedestres que perderam a vida ao tentarem atravessar as rodovias. As outras quatro mortes ocorreram em acidentes envolvendo motociclistas, sendo que três pilotavam motos de baixa cilindrada, com até 150 cm³ — um perfil que escancara a vulnerabilidade dos condutores de veículos menores nas estradas.
A operação começou na última quinta-feira (17) e só foi finalizada na segunda-feira (21), um período ampliado por conta da coincidência do domingo de Páscoa com o feriado de Tiradentes. Por essa razão, a PRF informou que os números registrados neste ano não serão comparados com os dados de 2024, já que naquele ano a segunda-feira seguinte à Páscoa foi um dia útil, o que alteraria a base de análise.
Além dos acidentes, o balanço também revelou um número alto de infrações de trânsito flagradas pela fiscalização. Durante as abordagens, 147 motoristas foram autuados por dirigir sob efeito de álcool, 255 por realizar ultrapassagens em locais proibidos e outros 59 foram pegos manuseando o celular enquanto dirigiam — comportamento que aumenta consideravelmente o risco de acidentes.
O radar eletrônico também não perdoou: 3.604 veículos foram flagrados transitando acima da velocidade permitida. Outros descuidos básicos que podem custar vidas foram identificados pelas equipes: 542 pessoas estavam sem cinto de segurança e 99 crianças viajavam fora da cadeirinha, colocando em risco a própria segurança e a de outros passageiros.
Para a PRF, os números não apenas expõem imprudências individuais, mas também confirmam um desafio antigo e estrutural enfrentado por Santa Catarina: a dependência quase absoluta das rodovias federais para deslocamentos regionais e intermunicipais. O estado possui uma malha estadual limitada e, em muitos trechos, as estradas municipais não suportam o volume de veículos que transitam diariamente. O resultado é um trânsito pesado e diversificado nas BRs, com circulação de caminhões, carros de passeio, motociclistas e até pedestres.
Outro ponto destacado pela PRF é o crescimento acelerado das cidades que margeiam as rodovias federais. Muitos trechos que antes eram projetados apenas para viagens de longa distância hoje enfrentam características de vias urbanas, com tráfego local intenso e presença cada vez maior de pedestres e motocicletas de baixa cilindrada — veículos geralmente usados para deslocamentos curtos dentro das cidades.
Ainda conforme a instituição, esta realidade reforça a necessidade urgente de investimentos em infraestrutura, com a criação de passarelas, travessias seguras e acessos planejados para quem mora ou circula nos arredores das BRs.