“Epilepsia é mais do que convulsões”: 12/02 – Dia Internacional da Epilepsia

 

O Dia Internacional da Epilepsia é uma iniciativa conjunta do International Bureau for Epilepsy (IBE) e da International League Against Epilepsy (ILAE) – um evento global celebrado anualmente desde 2015 na 2ª segunda-feira de fevereiro, para promover a consciencialização sobre a doença em todo o mundo.

A campanha oferece uma plataforma para que as pessoas com epilepsia compartilhem suas experiências e histórias com o público global. O dia também apela a todos para que defendam uma legislação apropriada que garanta os direitos das pessoas com epilepsia e encoraje-as a viverem seu potencial pleno.

A data, além da conscientização, é uma iniciativa fundamental a ser utilizada para impulsionar a implementação do Intersectoral Global Action Plan on Epilepsy and other Neurological Disorders 2022-2031 (IGAP), da Organização Mundial da Saúde (OMS).

 

Apesar de ser uma das condições médicas mais antigas conhecidas no mundo, o medo e a incompreensão pública sobre a epilepsia persistem, fazendo com que muitas pessoas relutem em falar sobre o assunto. Essa relutância as leva a viver nas sombras, à falta de compreensão sobre os riscos individuais, à discriminação nos locais de trabalho e nas comunidades e à falta de financiamento para a investigação de novas terapias.

Pessoas com epilepsia morrem prematuramente a uma taxa mais elevada em comparação com a população geral. A causa mais comum de óbito pela doença é a morte súbita e inesperada, conhecida como “Sudden Unexpected Death in Epilepsy, ” (SUDEP, na sigla em inglês). Para muitos dos que vivem com a doença, os equívocos e a discriminação podem ser mais difíceis de superar do que as próprias convulsões.

Indivíduos com epilepsia são frequentemente encontrados mortos na cama e não parecem ter tido um ataque convulsivo. Em mais de um terço das vezes, há uma convulsão testemunhada ou sinais de uma convulsão recente perto do momento da morte. Não há certezas sobre as causas da SUDEP que podem variar entre os casos. Pesquisas atuais concentram-se nos problemas respiratórios, no ritmo cardíaco e na função cerebral que ocorrem durante uma convulsão.

Até que mais respostas estejam disponíveis, a melhor maneira de prevenir a morte súbita é diminuindo o risco de que ela ocorra, com o controle das convulsões.

– 65 Milhões de pessoas em todo o mundo vivem com epilepsia;
– Um terço das pessoas com epilepsia vive com convulsões não controladas porque nenhum tratamento disponível funciona para elas;
– Para 6 em cada 10 pessoas com epilepsia a causa é desconhecida;
– A cada ano, mais de 1 em cada 1.000 pessoas com epilepsia morre por SUDEP;
– 4 em cada 10 pessoas com epilepsia no mundo industrializado não recebem tratamento adequado;
– 8 em cada 10 pessoas com epilepsia em países em desenvolvimento não recebem tratamento adequado.

 

A epilepsia é um distúrbio neurológico caracterizado por crises convulsivas recorrentes, geradas por uma atividade elétrica anormal das células cerebrais. As crises epilépticas podem ser de vários tipos, dependendo da área do cérebro afetada.

A maioria dos indivíduos que sofrem de crises epilépticas é capaz de trabalhar e levar uma vida normal. Apesar disso, a condição ainda é muito estigmatizada e traz consequências para o dia a dia dos pacientes, tanto no aspecto profissional quanto social, principalmente para quem tem crises mais graves e frequentes.

Causas:

A causa da epilepsia pode ser uma lesão congênita no cérebro (presente ao nascimento) ou adquirida, decorrente de fatores como por exemplo, batida forte na cabeça (geralmente com sangramento intracraniano), infecções (meningite, encefalite, neurocisticercose, etc.), abuso de bebidas alcoólicas, de drogas, etc. Às vezes, pode ser causada por algum problema que ocorreu antes ou durante o parto.

Malformações do cérebro, tanto das estruturas cerebrais propriamente ditas quanto dos vasos sanguíneos no seu interior podem estar presentes desde a formação do feto nos primeiros meses de gestação e vir a causar crises epilépticas em uma determinada época da vida. Muitas vezes não é possível determinar o que deu origem à enfermidade, sendo considerada de causa  desconhecida.

Em idosos, por outro lado, as doenças cerebrovasculares (acidente vascular cerebral ou AVC), bem como os tumores cerebrais, estão entre as causas mais frequentes.

Sintomas:

Existem vários tipos de crises epilépticas, cada uma com características diferentes. Um dos tipos mais comuns é a crise tônico-clônica, chamada habitualmente de “convulsão”. Esse tipo é facilmente reconhecível, pois o paciente apresenta abalos musculares generalizados, salivação excessiva e, muitas vezes, morde a língua e perde urina e fezes.

Outras crises, entretanto, podem não ser reconhecidas por pacientes, familiares e até mesmo por médicos, pois apresentam manifestações sutis, como alteração discreta de comportamento, olhar parado e movimentos automáticos.

Em crianças, por exemplo, é comum a ocorrência de crises de ausência, caracterizadas por uma breve parada da atividade que estava fazendo, às vezes associadas a piscamentos ou movimentos automáticos das mãos.

Crises de ausência podem ocorrer muitas vezes ao dia e em alguns casos, não são reconhecidas prontamente, e só quando a criança começa a apresentar prejuízo do desempenho escolar – normalmente apontado pelo professor na escola – essa possibilidade é considerada.

Tratamento:

Uma vez diagnosticada a epilepsia, inicia-se o tratamento, que costuma trazer resultados satisfatórios em até 70% dos casos. Os outros 30% são chamados de refratários, e só são tratáveis por meio de cirurgia, dieta cetogênica (poucos carboidratos) e neuromodulação (com ondas eletromagnéticas).

O tratamento com medicamentos objetiva modular a ocorrência de descargas elétricas cerebrais anormais, que são a origem das crises. Tratar a epilepsia é um processo longo e implica em muita persistência do paciente para mantê-lo ao longo do tempo a fim de alcançar seu controle.

Dependendo da medicação prescrita, pode ser necessário ingeri-la a cada 8,12 ou 24 horas. Tomar os medicamentos na dose e na hora indicada pelo médico é um dos passos importantes para obter sucesso – a adesão ao tratamento medicamentoso por parte do paciente é um dos pilares de cuidado mais importantes na epilepsia.

Prevenção:

Algumas causas de epilepsia, como a anóxia neonatal e as doenças cerebrovasculares podem ser prevenidas. Assim, um acompanhamento pré-natal adequado e uma boa assistência ao parto certamente podem colaborar para reduzir o número de casos relacionados aos problemas do parto.

Da mesma forma, o controle apropriado dos fatores de risco para doenças cerebrovasculares, como a hipertensão arterial e o diabetes, levam a uma
redução no número de acidentes vasculares cerebrais e, portanto, dos casos de epilepsia decorrentes dessa enfermidade.

 

Fontes:

Associação Brasileira de Epilepsia
Dr. Dráuzio Varella
Epilepsy Foundation
Hospital Israelita Albert Einstein
International Epilepsy Day

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