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Para viver de música, é preciso subir em inúmeros palcos durante toda uma carreira. Impossível lembrar-se de todos, mas, na Paraíba, há um montado, exclusivamente para os artistas da terra, que é impossível de se esquecer, tanto para as estrelas — veteranas e novas — quanto para o público. Estamos falando do Palco Tabajara, que inicia mais uma edição trazendo para a pista Bixarte e a banda Pri Cler e As Panteronas, ambas vencedoras do Festival de Música da Paraíba.
Com direção de Marcos Thomaz e Val Donato, a primeira edição deste ano estreia, hoje, às 20h, na Sala Vladimir Carvalho da Usina Cultural Energisa, na capital paraibana, com transmissão via rádio (105,5 FM) e pelo canal do YouTube da Tabajara. O projeto é uma iniciativa da Empresa Paraibana de Comunicação (EPC).
“Eu tenho uma relação quase umbilical com o Palco Tabajara, porque a música paraibana é meio que um cartão de apresentação da cidade a mim”, afirma Marcos Thomaz. “Poder trabalhar com a música autoral daqui e, mais do que isso, ser de alguma forma um vetor, um instrumento de propagação dessa música local para outros quadrantes, além da própria cidade, via rádio […] através do streaming do YouTube […] é uma gama de realizações envoltas em um só projeto”, acresce.
Como de costume, cada noite do Palco Tabajara conta com duas atrações musicais. Todas as terças-feiras, até o dia 10 de junho, passarão pela edição nomes como Kennedy Costa, Som na Calçadinha, Maria, Ruanna, Totonho, Nicácio e Banda, Os Fulano, Escurinho, Gitana Pimentel e Lily Sanfoneira.
A cantora e compositora paraibana Bianca Manicongo, conhecida artisticamente como Bixarte, retorna a João Pessoa para uma série de apresentações, incluindo a participação na abertura do Palco Tabajara. “Estar em lugares como o Palco Tabajara para o nosso currículo e para a nossa carreira é sempre muito forte, sabe? É uma oportunidade de reverberar a nossa música em muitos lugares”, destaca Bixarte.
A multiartista está em meio a uma turnê nacional com a Companhia Brasileira de Teatro, na qual encena o espetáculo Ao Vivo — Dentro da Cabeça de Alguém, dividindo o palco com Renata Sorrah.
Paralelamente, Bixarte também realiza shows de despedida do álbum Traviarcado (2023), projeto que marcou sua trajetória nos últimos anos. “Os últimos shows desse disco já vieram com muita influência da poesia dramática e do teatro, o que me inspirou a montar um espetáculo completo para meu próximo álbum”, revela.
Em sua passagem pela Paraíba, Bixarte ficará cerca de 12 dias, apresentando-se em João Pessoa e em outras cidades nordestinas. Após sua participação no Palco Tabajara, ela seguirá para shows em Cajazeiras, na próxima quinta-feira (24); e em Fortaleza, no próximo sábado (26). Na semana passada, ela se apresentou no Festival Diamba, na capital paraibana, e também em Juazeiro do Norte.
Durante os shows, Bixarte adianta que o repertório trará faixas do trabalho, mas com uma novidade: a apresentação de “Dindim de Abacate”, música inédita que será lançada oficialmente no fim do mês. “Essa é uma forma de conectar o que já fiz com o que ainda vou produzir. Cada show tem sido um ciclo de aprendizado e amadurecimento”, afirma.
Para ela, a emissora que dá nome ao projeto musical tem uma grande importância acerca da visibilidade dos artistas independentes. “A Rádio Tabajara é uma grande parceira em propagar a música nordestina, independente do gênero ou da cor. Isso mostra como a música está acima de qualquer outra coisa”, ressalta. Agora, com mais experiência, Bixarte retorna ao palco trazendo a bagagem de anos de produção artística e de desafios enfrentados em sua carreira.
Sobre o próximo álbum, a artista conta que está em fase de finalização e está previsto para ser lançado no segundo semestre. A produção e os próximos shows de lançamento do trabalho prometem incorporar elementos teatrais e cênicos nas apresentações, oferecendo uma experiência narrativa de início, meio e fim ao público. “Estou construindo um show que seja um verdadeiro espetáculo, com cenas que dão vida e uma diferença à apresentação”, explica.
Para Bixarte, o retorno aos palcos paraibanos também carrega um tom emocional, já que a última vez que se apresentou na capital foi pouco antes de um acidente que sofreu, em março de 2024, na BR-230, em João Pessoa, quando voltava de um ensaio de moto. “Faz um ano do acidente agora e, desde então, tenho me dedicado à música e ao teatro como formas de superar e continuar minha jornada”, conta.
Longe do convencional
- Formado recentemente, o grupo Pri Cler e As Panteronas mostrará uma proposta autoral e eclética, mesclando elementos de rock, poesia e teatralidade – Foto: Rebeka Araújo/Divulgação
Um encontro caótico entre músicos que passam longe do convencional. “Banda de música doida, feita por gente doida”, eis a autodefinição na bio do perfil no Instagram do grupo Pri Cler e As Panteronas (@priclereaspanteronas).
O grupo fará a sua estreia no Palco Tabajara. Formado recentemente, a banda traz uma proposta autoral e eclética, mesclando elementos de rock, poesia e teatralidade. “Essa vai ser uma ótima oportunidade para mostrarmos nosso som autoral e divulgarmos a banda, que está nascendo agora”, afirma a vocalista Priscilla Cler. “Estar no mesmo palco que Bixarte é um privilégio e uma grande inspiração”, destaca, reafirmando a missão do Palco Tabajara, em dar visibilidade às novas vozes da cena cultural paraibana.
O grupo Pri Cler e As Panteronas destaca-se pela liberdade criativa e pela experimentação musical. “Nosso som é um lugar de total experimentação e brincadeira. Não estamos presos a um estilo. Gostamos de explorar novas sonoridades”, explica a vocalista. “Tocamos desde Companhia da Lapada a Britney Spears, mas podemos dizer que fazemos rock. Nosso lema é trazer o melhor e o pior da música brasileira e internacional”, brinca.
Por si só, Priscilla Cler tem uma trajetória nas artes, transitando nas searas da música, do teatro e da poesia. Ela escreveu os livros Poesia Cretina (Hecatombe, 2021) e A Mulher Doida (Triluna, 2024). Formada em Música, ela construiu sua carreira no universo do teatro musicado, mas decidiu explorar novos horizontes ao participar do Festival de Música da Paraíba, em 2022, vencendo naquele ano. “Foi uma das primeiras tentativas na música autoral e deu certo. Isso me inspirou a seguir por esse caminho”, relembra a vocalista.
Fazendo shows desde o fim do ano passado, a banda planeja gravar seu primeiro EP, que contará com seis faixas autorais, mas ainda sem data de lançamento.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 22 de abril de 2025.
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Fonte
A União