
O Papa Francisco, que transformou a Igreja Católica com gestos de inclusão e enfrentou desafios históricos, faleceu hoje vítima de um AVC. Desde que assumiu o pontificado em 2013, ele promoveu mudanças significativas, como a autorização, em 2023, para que padres pudessem abençoar casais homossexuais, desde que não fosse confundido com o sacramento do matrimônio. Essa medida, embora controversa para alguns setores conservadores, reforçou sua fama de líder compassivo, ecoando sua famosa frase: “Se uma pessoa é gay e busca a Deus, quem sou eu para julgar?”.
Além da abertura à comunidade LGBTQIAPN+, Francisco dedicou esforços para combater os escândalos de pedofilia no clero, um problema que há décadas manchava a imagem da Igreja. Ele determinou a obrigatoriedade de denúncias às autoridades civis, criou comissões de investigação e chegou a decretar o fim do sigilo pontifício em casos de abuso. Apesar das críticas sobre a lentidão das mudanças, suas ações representaram um avanço na transparência e na responsabilização de padres envolvidos em crimes.
Outro front de batalha do pontífice foi o combate à corrupção no Vaticano, com reformas financeiras e processos contra cardeais acusados de desvios. Em 2022, ele reformulou o sistema jurídico para tornar a gestão de recursos mais transparente e promoveu julgamentos emblemáticos, como o caso do investimento imobiliário em Londres, que resultou na condenação de um alto dignitário da Igreja. Essas medidas visavam restaurar a credibilidade de uma instituição frequentemente abalada por escândalos.
O amparo a fiéis divorciados também marcou seu papado, especialmente com a publicação da exortação Amoris Laetitia em 2016. O documento permitiu que, em certos casos, divorciados que se casaram novamente pudessem receber a comunhão após um processo de discernimento. Essa flexibilização foi um alívio para muitos católicos que se sentiam excluídos, mostrando uma Igreja mais acolhedora sem abandonar seus princípios.
Sua abordagem pastoral foi guiada pela ideia de que a Igreja deveria ser como um “hospital de campanha”, pronto para acolher todos, especialmente os marginalizados. Essa visão se refletiu em suas frequentes críticas ao capitalismo selvagem, na defesa dos pobres e no apelo por justiça social. Francisco não teve medo de confrontar estruturas de poder, seja dentro da Igreja ou no mundo político, sempre com um discurso voltado para a misericórdia.
Ainda assim, seu pontificado não esteve livre de contradições e resistências. Setores tradicionalistas viam suas reformas como rupturas perigosas, enquanto progressistas desejavam mudanças ainda mais ousadas. Mesmo assim, Francisco seguiu firme em seu projeto de uma Igreja “em saída”, que não esperava os fiéis nos bancos das igrejas, mas ia ao encontro deles, especialmente nas periferias existenciais.
Com mais de uma década à frente da Igreja Católica, o Papa Francisco encerrou o seu pontificado no dia de hoje, mas suas ações provaram que, sob sua liderança, a Igreja não teve medo de enfrentar seus fantasmas e abraçar um mundo em transformação.