

Filme indicado ao Oscar ‘Conclave’ mostra como funciona a escolha do novo pontífice com a morte do Papa na trama – Foto: Deny Campos/Imagem gerada por IA/ND
O mundo recebeu com pesar a notícia da morte do Papa Francisco nesta segunda-feira (21), aos 88 anos. Agora, os preparatórios para um novo conclave tomam conta do Vaticano e teorias sobre quem será o novo pontífice e se ele terá um viés mais conservador ou progressista.
Em abril de 2024, o próprio Francisco havia surpreendido ao declarar que “tudo estava pronto” para seu sepultamento, incluindo mudanças nos rituais fúnebres papais que determinam a não exposição do corpo fora do caixão.
Essas reformas, que refletiam sua conhecida simplicidade, agora serão postas em prática conforme seus desejos.
Filme ‘Conclave’ antecipa cenário pós-morte do Papa
A morte do Papa reacende discussões sobre o Conclave, processo de escolha do novo líder da Igreja Católica que recentemente foi retratado no filme homônimo indicado ao Oscar. A produção, baseada no livro de Robert Harris, embora fictícia, apresenta alguns elementos reais da eleição papal:
- Cardeais com menos de 80 anos reunidos na Capela Sistina
- Votações secretas até alcançar dois terços de consenso
- Sinais de fumaça branca (eleição concluída) ou preta (sem decisão)
- Destruição do anel papal após o falecimento

Os cardeais Tedesco, Tremblay, Bellini e Adeyemi – Foto: Reprodução/ND
O longa também explora tensões entre tradição e progressismo na Igreja – debate central durante o pontificado de Francisco. A trama do filme ganha relevância especial após a morte do Papa, apresentando um fictício (porém plausível) processo sucessório com quatro principais candidatos:
- Cardeal Bellini (progressista próximo ao falecido Papa)
- Cardeal Adeyemi (conservador africano com segredos)
- Cardeal Tedesco (tradicionalista anti-muçulmano)
- Cardeal Tremblay (envolvido em escândalos financeiros)
Filme mostra escândalos dentro da Igreja Católica após morte do Papa
Após a morte do Papa, a narrativa toma rumo inesperado com a chegada do Cardeal Benitez, um mexicano ordenado secretamente no Afeganistão. Os escândalos começam a surgir durante o conclave, e o primeiro a ser desmascarado é o cardeal africano Adeyemi.
Adeyemi é contra pessoas LGBTQIA+ e, conforme a votação avança, o camerlengo Lawrence descobre que o cardeal africano teve um caso com uma freira. Deste envolvimento, descobre-se que eles tiveram um filho – sendo Adeyemi retirado da disputa.

Filme mostra como ocorre o processo de escolha do novo pontífice – Foto: Reprodução/ND
Em seguida, o cardeal Tremblay, também fica de fora da disputa. Ele havia sido “demitido” do cargo pelo papa, mas escondeu os documentos que o acusava de corrupção. O camerlengo, Lawrence (Ralph Fiennes), invade o quarto do antigo papa, que estava selado desde sua morte, e encontra a documentação que comprova a corrupção de Tremblay.
Com os escândalos, o braço direito do papa, Lawrence vê o cardeal italiano Tedesco, tradicionalista e anti-muçulmano, se tornar favorito ao papado. Temendo que a igreja volte a uma Era das Trevas, o camerlengo aceita se candidatar ao conclave.
Porém, quando ele vai depositar seu voto na urna, com seu nome escrito, uma bomba explode do lado de fora. Após o atentado, os cardeais se reúnem para discutir que quem deveria liderar a Santa Igreja, deveria ser alguém que enfrentassem a guerra.
O conservador italiano Tedesco afirma que a igreja deve lutar contra as forças de outras religiões, principalmente, a muçulmana. Após revelações sobre intolerância dos outros candidatos, o cardeal mexicano, Benitez, faz um discurso afirmando que Tedesco “nunca viu a guerra ou algo do tipo de perto”.

Na trama, o cardeal mexicano, Benitez é o intersexo – Foto: Reprodução/ND
Papa intersexo?
Após o discurso do cardeal mexicano, o conclave realiza a última votação. Benitez acaba eleito, recebendo a maioria dos votos. Ao aceitar o cargo, ele escolhe o nome de Inocêncio, recebendo aplausos dos que estavam presentes.
Tempo depois, o agora Papa Inocêncio, chama o camerlengo Lawrence para conversar. Ele então confessa que nasceu intersexo, mantendo ambas as características reprodutivas masculina e feminina.
Inocêncio afirma que o antigo papa sabia da condição dele, mas mesmo assim o nomeou cardeal. Ao ser questionado sobre se havia realizado cirurgia para remover alguma das partes, ele diz que não e destaca que ser daquele jeito seria “uma obra de Deus”.

O cardeal Fridolin Amborgo Besungu, da República Democrática do Congo – Foto: Divulgação/Vatican News
O que o filme ‘Conclave’ tem em comum com a realidade?
No filme, há a expectativa de que o próximo papa seja um africano com raízes mais conservadoras. Com a morte do Papa Francisco, o cardeal Fridolin Amborgo Besungu, da República Democrática do Congo, surge com um dos favoritos ao conclave.
Com postura conservadora, principalmente por rejeitar bênçãos a casais homoafetivos, o cardeal é um dos fortes nomes da igreja na África. Ambongo pode se tornar o primeiro papa africano da era moderna.
No filme, o papa anterior era progressista, assim como Francisco, que se identificava com pautas mais humanistas, modernas e simplistas. Agora, os fiéis aguardam o resultado do conclave para descobrir se o novo papa terá um viés mais conservador ou se seguirá o estilo do argentino Jorge Mário Bergoglio.