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O pessoense Gabriel Varandas teve a sua trajetória de superação narrada pelo jornalista e conterrâneo Phelipe Caldas. O livro O Menino Que Queria Jogar Futebol, lançado em 2018 e relançado em 2024, conta a luta do então garoto contra um tumor no cérebro e uma meningite — doenças que quase lhe custaram a vida. A narrativa ganhou uma adaptação cinematográfica no ano passado, com um título que resume a impressão das pessoas que testemunharam essa jornada: Inexplicável. Dirigido pelo fluminense Fabrício Bittar, o longa-metragem estreia, hoje, no catálogo da Netflix.
O realizador recorda que, durante a pandemia, buscava um relato real que pudesse ser levado às telas, quando encontrou, por acaso, o trabalho de Phelipe. Experiente em projetos de humor e infantojuvenis, (a exemplo de Como Se Tornar o Pior Aluno da Escola, 2017), Bittar também desejava lançar-se pela primeira vez no gênero dramático. “Lendo o livro, percebi que essa história poderia virar um daqueles filmes, que a minha família pegava na locadora ou assistia no Supercine [sessão de longas-metragens da Rede Globo]. Gosto de projetos com potencial de conexão com o público — e essa trama reunia todos esses elementos”, afirma.
O roteiro, escrito em parceria com Andrea Yagui, aproveitou-se dos lances cinematográficos que a vida real tratou de proporcionar — como os pais de Gabriel, Marcus e Yanna Varandas (interpretados no longa por Eriberto Leão e Letícia Spiller), correndo contra o tempo e os sinais de trânsito para salvar o filho. “Reunimos alguns fatos e personagens, alterando pontualmente a cronologia para manter o ritmo e a clareza da narrativa. Mas fizemos tudo com muito respeito à história real e ficamos felizes por a família ter aprovado e apoiado a empreitada”, declara o diretor.
Fabrício Bittar ressalta que a escolha do elenco é uma das etapas mais desafiadoras — mas, no caso de Inexplicável, foi bastante acertada. Além de Eriberto e Letícia, o trio principal contou com o jovem ator Miguel Venerabile, que interpretou Gabriel. “Para dirigir o Miguel, o segredo foi criar um ambiente de confiança e descontração. Ele é muito talentoso e sensível, e isso fica evidente em cena. Em vários momentos, vi a equipe inteira emocionada com as atuações. E mesmo após tantas exibições, continuo me comovendo”, destaca o cineasta.
Trabalhando como diretor desde os 15 anos (os primeiros projetos, nesse sentido, foram no teatro), Fabrício Bittar foi, ele mesmo, um ator mirim, no início da carreira. Seu maior papel foi como Reginho, em Mulheres de Areia, mas participou, antes, da novela Vamp, contracenando com outros jovens artistas que também se tornaram diretores nos anos seguintes — Amora Mautner, Pedro Mayrink e Pedro Vasconcelos. “Acho que, por isso, eu tenho um cuidado especial ao dirigir crianças. Lembro como era importante, na minha infância, me sentir ouvido e respeitado, numa experiência positiva”, atesta.
Hoje, com 19 anos e totalmente recuperado, Gabriel Varandas estuda Administração e mantém, como na infância, a paixão pelo futebol. Para Fabrício, embora Inexplicável traga uma mensagem inspiradora, sua principal missão é existir, simplesmente, e alcançar, agora, uma nova janela de exibição, no streaming. “O restante cabe ao espectador. Não acredito que um filme precise, necessariamente, ter uma mensagem. Ele precisa contar bem uma história — e, a partir disso, cada um terá sua própria experiência e reflexão”.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 16 de abril de 2025.
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A União