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O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) entregou nesta terça-feira (15/4) ao Congresso Nacional o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2026 — e com ele, a confirmação de um cenário incômodo: as empresas estatais federais continuarão operando no vermelho pelos próximos anos, com previsão de déficit de R$ 6,8 bilhões já no próximo exercício.
Apesar da retórica do “rigor fiscal” e do discurso de retomada da eficiência estatal, os números não mentem: o buraco não só persiste, como cresce. Em 2024, o déficit registrado foi de R$ 6,7 bilhões, e para 2025 a estimativa é de R$ 6,2 bilhões — valor que volta a subir no ano seguinte e mantém-se elevado até 2029. Eis o cronograma do rombo:
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2026: – R$ 6,8 bilhões
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2027: – R$ 7,1 bilhões
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2028: – R$ 6,8 bilhões
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2029: – R$ 6,6 bilhões
Tudo isso sob um governo que diz buscar superávit primário de 0,25% do PIB para o mesmo ano. É o clássico “com uma mão se aperta, com a outra se gasta”.
Se há uma “campeã” nesse ranking negativo, ela atende por um nome conhecido: Correios, com R$ 3,2 bilhões de prejuízo só em 2024. Enquanto empresas públicas estratégicas como Petrobras e Banco do Brasil têm seus resultados separados para aliviar o balanço geral, os Correios seguem como um peso morto nas contas públicas.
A estatal é, há anos, alvo de promessas de modernização, mas segue operando como se ainda estivéssemos em 1995: ineficiente, inchada e sem competitividade real frente à iniciativa privada. O governo fala em fortalecer empresas públicas, mas a prática, até aqui, tem sido a de sustentar déficits recorrentes sem plano claro de reversão.
A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) deveria funcionar como bússola para o equilíbrio fiscal, mas neste caso mais parece um mapa do caminho para um ciclo contínuo de ineficiência financiada com dinheiro público. A proposta autoriza aumento de gastos com pessoal, mesmo com o desempenho negativo das estatais, e projeta metas que já nascem em descompasso com a realidade financeira dessas empresas.
Ainda que o novo arcabouço fiscal limite o crescimento real de despesas, o governo segue permitindo que estruturas deficitárias avancem sem contrapartidas — o tipo de contradição que mina a credibilidade da política econômica, especialmente quando se promete “responsabilidade com as contas públicas”.
A desculpa de que o resultado primário das estatais exclui os investimentos do PAC e o desempenho de grupos como Petrobras e ENBPar serve para maquiar parcialmente o problema — mas não o elimina. A soma dos déficits projetados nos próximos quatro anos ultrapassa R$ 27 bilhões. E a pergunta que não cala é: quem vai pagar essa conta? O contribuinte, claro.

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Fonte : Hora Brasilia