

Rover Perseverance, da Nasa, registrou um impressionante redemoinhos de poeira em Marte que interagiam entre si – Foto: Canva/ND
Marte voltou a surpreender a comunidade científica com uma imagem inédita. O Rover Perseverance, da Nasa, registrou uma impressionante “dança” de diabos de poeira – redemoinhos de poeira em Marte que interagiam entre si.
O robô explorava uma região chamada Witch Hazel Hill, próxima à borda oeste da cratera Jezero, no planeta vermelho, quando capturou o fenômeno por uma das câmeras de navegação instaladas no mastro do rover, a cerca de um quilômetro de distância do local da atividade.
Segundo o JPL (Jet Propulsion Laboratory), as imagens revelaram um grande redemoinho de cerca de 65 metros de de largura engolindo um menor, com aproximadamente 5 metros, enquanto outros dois torvelinhos aparecem ao fundo.
O que são esses redemoinhos de poeira em Marte — ou diabos de poeira
Também conhecidos como dust devils, os diabos de poeira são redemoinhos formados por convecção térmica. Eles ocorrem quando o ar próximo ao solo aquece rapidamente e sobre, sendo substituído por ar mais frio das camadas superiores.
Essa diferença de temperatura e pressão faz com que o ar gire, levantando poeira e formando colunas visíveis.
Conforme Mark Lemmon, cientista Instituto de Ciências Espaciais, nos Estados Unidos, esses redemoinhos podem se fundir, interagir ou até mesmo se anular, dependendo de sua trajetória.
Embora comuns em Marte, são difíceis de serem registrados, já que duram em média apenas 10 minutos. Além de surgirem de forma imprevisível.

Os redemoinhos de poeira em Marte são importantes para a dinâmica do planeta – Foto: Canva/ND
Por que esse fenômeno é importante?
Apesar da curta duração, esses redemoinhos de poeira em Marte, ou diabos de poeira, desempenham um papel importante no planeta vermelho.
Conforme um estudo publicado na revista Journal of Geophysical Research, os diabos de poeira são responsáveis por movimentar até 50% da poeira atmosférica de Marte.
Esse fator é essencial para compreender os ciclos climáticos e a formação de tempestades marcianas, que podem afetar missões futuras.
Além disso, esses eventos ajudam a medir velocidade e direções dos ventos, parâmetros essenciais para o planejamento de missões tripuladas, segundo uma pesquisa conduzida pela Universidade do Arizona, nos Estados Unidos.

Os redemoinhos de poeira em Marte não são um fenômeno novo para a Nasa – Foto: Imagem gerada por IA/ND
Fenômeno inédito?
O fenômeno não é novo para a Nasa. No entanto, a clareza das imagens recentes impressiona. Os primeiros registros de redemoinhos de poeira em Marte foram feitos por sondas Vikings, na década de 1970, a partir da órbita.
Após isso, vieram as capturas da missão Pathfinder, nos anos 1990, e dos rovers Spirit e Opportunity, nos anos 2000. O rover Curiosity, lançado em 2012, também observou diversas ocorrências.
Desde que pousou em Marte, em fevereiro de 2021, o Perseverance já registrou vários episódios semelhantes. No entanto, esta nova observação se destaca pela interação entre redemoinhos de diferentes tamanhos, o que oferece novas pistas sobre os padrões de turbulência atmosférica marciana.