Uma investigação em curso da Polícia Civil do Ceará revelou que o Comando Vermelho (CV) vem impondo uma espécie de “taxa do crime” a comerciantes e profissionais autônomos do Centro de Fortaleza, com cobranças mensais que chegam a R$ 30 mil. A prática, que começou a ganhar força em 2023, foi intensificada em 2025 e afeta diversos setores da economia informal e formal da capital cearense.
Esquema de extorsão atinge diversos setores
O esquema investigado pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) atinge lojistas, vendedores de ouro, travestis, garotas de programa e até provedores de internet. Estes últimos relatam que são obrigados a pagar uma média de R$ 20 por cliente para continuar operando em áreas controladas pela facção.
As cobranças vêm acompanhadas de ameaças diretas. Empresários relatam ter recebido mensagens com frases como: “pague sua taxa e trabalhe de boa” e “isso foi só um alerta pra você me pagar”. As consequências do não pagamento incluem ameaças de morte, perseguições e ataques violentos, como incêndios criminosos.
Comerciante teve loja incendiada após recusa
Em um dos episódios mais graves, um comerciante que se recusou a pagar R$ 30 mil teve o cadeado da loja incendiado. Como forma de pressão, os criminosos ainda enviaram uma foto do filho da vítima, deixando claro que sabiam detalhes da vida pessoal do empresário.
Provedores também na mira do CV
Empresas de internet estão entre os principais alvos do esquema. Para continuar fornecendo serviços em áreas sob domínio do Comando Vermelho, os provedores precisam repassar parte da receita obtida com os clientes da região. Em muitos casos, o valor cobrado torna a operação economicamente inviável.
Polícia mantém investigação sob sigilo
A Polícia Civil confirmou a existência de inquérito em andamento para apurar o caso, mas, devido à complexidade das investigações e ao envolvimento de uma facção criminosa de alto risco, não divulgou mais detalhes. A prioridade é proteger as vítimas e colher provas para responsabilizar os autores das extorsões.
Setor comercial pede reforço policial
A Câmara de Dirigentes Lojistas de Fortaleza (CDL) também se manifestou, relatando um aumento expressivo de furtos noturnos, especialmente de cabos e equipamentos. A entidade pediu reforço no policiamento ostensivo no Centro da cidade, afirmando que o clima de insegurança tem afastado consumidores e comprometido a atividade econômica local.
