Fazenda, aviões, gado, casas e carros de luxo: os bens do ex-reitor confiscados pela justiça de RR


Bens foram apreendidos durante operação da Polícia Federal que investiga um esquema que desviou mais de R$ 100 milhões em licitação na Universidade Estadual de Roraima (UERR). Decisão é da juiza Daniela Schirato, da Vara de Entorpecentes e Organizações criminosas. Regys Odlare Lima de Freitas.
Reprodução/UERR/Arquivo
Carros luxuosos, entre eles uma BMW avaliada em mais de R$ 500 mil, uma fazenda, casas na zona Leste de Boa Vista, gado e até aviões são alguns dos bens do ex-reitor da Universidade Estadual de Roraima (UERR) Regys Freitas, confiscados pela Justiça de Roraima. Ele é suspeito de integrar um esquema que desviou mais de R$ 100 milhões em licitação na instituição.
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O g1 procurou a defesa do ex-reitor sobre o assunto e aguarda o retorno.
Os bens foram confiscados por decisão da juíza Daniela Schirato, da Vara de Entorpecentes e Organizações Criminosas. Os mandados de sequestro de bens móveis e imóveis foram cumpridos durante a operação da Polícia Federal, deflagrada na última terça-feira (8) em Boa Vista. Foram embargados:
Uma Land Rover Range Rover Velar
Duas Toyota Hilux
Uma SWD4 Diamond
Uma RAM 2500 Laramie
Dois tratores;
Um carro elétrico BYD, avaliado em R$ 296.800,00;
Uma BMW X4, avaliada em R$ 533.112,00;
Uma fazenda que reúne, no mínimo, quatro propriedades na Colonia Apiau, no município de Mucajaí;
Duas casas, incluindo a que ele mora, localizadas nos bairros Canarinho e Caçari, áreas nobres de Boa Vista;
Uma casa ainda em construção, em um condomínio aeronáutico de luxo, na zona Rural de Boa Vista;
Cinco terrenos urbanos, localizados nos bairros Canarinho e São Pedro;
Quatro propriedades rurais, sendo dois sítios e dois lotes;
Três aviões de pequenos porte, de modelo RV-10, P92 Echo e Mki Pigeon;
618 cabeças de gado;
Um barco;
Uma moto aquática.
Além da confiscação, a justiça determinou que os passaportes de Regys Freitas e de outras duas pessoas investigadas não fossem renovados. A juíza ainda suspendeu as atividades da empresa de construção 3D Engenharia, suspeita de integrar o esquema.
Em outra decisão, a juíza Daniela Schirato também determinou que o ex-reitor usasse tornozeleira eletrônica. O acessório foi instalado nele na terça-feira (8) e Regys também deve cumprir medidas cautelares.
A Justiça também havia pedido a exoneração dele do cargo de controlador-geral de Roraima, o que foi acatado pelo governo estadual. Ele estava na função desde janeiro do ano passado.
Ex e atual reitor são alvos da PF por desvio de R$ 100 milhões de licitações na UERR
Investigação
A Polícia Federal investiga um esquema de desvio de dinheiro público envolvendo o ex-reitor Regys Freitas e a empresa de construção 3D Engenharia. Além dele, Claudio Travassos, atual reitor também foi alvo da operação, junto com outros oito servidores do setor de engenharia da universidade.
A empresa de engenharia ganhava a licitação, a partir daí e se iniciava o esquema, segundo a PF. Em um dos casos, o contrato inicial era de R$ 17 milhões, mas no final, a empresa recebia R$ 100 milhões. A operação é um desdobramento de outra deflagrada em 2023, quando policiais encontraram R$ 3,2 milhões escondidos em sacos de lixo para pagamento de propina na UERR.
Em nota, a UERR informou que a Polícia Federal esteve no campus do bairro Canarinho, onde ficam os setores administrativos da Universidade, para cumprir uma ordem da Justiça. Destacou que o mandato foi apenas para a busca e apreensão de documentos, e a UERR entregou tudo o que foi solicitado, colaborando totalmente com a decisão judicial.
Informou ainda que o atual reitor, professor Cláudio Travassos, esteve na sede da Polícia Federal na “qualidade de declarante” e reitera “sua total disposição em colaborar com as autoridades competentes, contribuindo para que os fatos sejam esclarecidos com a maior brevidade possível”.
Joias apreendidas pela PF na operação que teve como alvo o controlador-geral de Roraima
Reprodução
Em propriedades do ex-reitor, a PF apreendeu dois carros de luxo, R$ 500 mil em relógios, moto aquática e até um avião. O material foi encontrado em uma das casas e em uma fazenda de Regys. A polícia também apreendeu 150 cabeças de gado, dinheiro bloqueado e armas.
A PF também apreendeu dinheiro em espécie na casa de outro servidor da UERR. Foram mais de 4 mil euros, 6 mil dólares e mais de R$ 7 mil.
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Ex-controlador-geral e ex-reitor: quem é Regys Freitas
Regys Odlare Lima de Freitas ocupa o alto escalão do governo de Roraima
Reprodução/CGE/Arquivo
Regys Odlare Lima de Freitas, atuava como controlador-geral de Roraima é também advogado e ex-policial civil. Foi reitor da UERR durante oito anos, de 2015 a 2023.
Ele é doutor em direito pela Universidade Federal Fluminense (UFF), mestre em direito pelo Centro Universitário Curitiba, advogado e ex-policial civil de Roraima.
Regys ocupava a função de controlador-geral desde 2 de janeiro de 2024. O cargo tem status de secretário de Estado e integra o alto escalão do governo. Ele assumiu no lugar de João Alfredo de Souza Cruz.
Além de ser investigado pela PF, ele também é suspeito de agredir, ameaçar e perseguir a ex-esposa, uma estudante de medicina, após o término do casamento. A Justiça concedeu uma medida protetiva e proibiu ele de se aproximar da vítima.
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Em 2015, assumiu como reitor ainda na gestão da ex-governadora Suely Campos (PP). No ano seguinte, em 2016, ele tomou posse como o primeiro reitor eleito na instituição. Em 2019, foi reeleito ao cargo.
Em 2019, chegou a ser afastado do cargo de reitor pelo governador Antonio Denarium (PP), mas conseguiu na Justiça ordem para voltar à função. Regys, à época, afirmou que Denarium havia se baseado em fake news para decretar seu afastamento e o do seu vice-reitor, Elemar Favreto.
Em 2020, Regys demitiu a professora Ivanise Maria Rizzatti, que foi proibida de participar das bancas de defesa de três pesquisas de conclusão de curso que foram orientadas por ela. Ivanise foi professora efetiva do curso de química por 10 anos, mas foi demitida em 24 setembro.
De acordo com o então reitor, ela foi coordenadora de um projeto financiado pelo Governo Federal em que houve erro em compra de materiais. Ela disse não tinha acesso ao sistema para alterações no plano.
À época, Regys chegou a proibir a entrada e permanência de seis professores concursados na instituição que demonstraram apoio à Ivanise durante um ato dentro da universidade. A Justiça suspendeu a decisão.
O fim da gestão de Regys na UERR foi marcada pela operação Harpia da Polícia Federal e pela eleição do então vice dele como novo reitor da instituição. A investigação ocorreu após a PF ter apreendido R$ 3,2 milhões em dinheiro vivo numa ação que apurava um esquema de pagamento de propina que envolvia a UERR.
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