
Reprodução/CBN Floripa
O reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Irineu Manoel de Souza, participou nesta quarta-feira, 9 de abril, do programa Conversas Cruzadas, da Rádio CBN Floripa, sobre o preocupante cenário orçamentário da instituição.
A UFSC enfrenta uma grave crise orçamentária que ameaça o seu funcionamento a partir do mês de outubro deste ano, destaca o apresentador e jornalista Renato Igor. Indagado sobre esta situação, o reitor confirmou esta informação, já disponibilizada em coletiva de imprensa no dia 13 de março, e ainda trouxe mais esclarecimentos deste cenário ao público ouvinte.
O orçamento aprovado pelo Congresso Nacional é insuficiente para cobrir as despesas básicas de custeio, que incluem energia elétrica, segurança, manutenção, bolsas estudantis e o Restaurante Universitário (RU), reforça o dirigente. Para manter a universidade operando ao longo do ano, seriam necessários R$ 207 milhões, mas o orçamento aprovado destinou apenas R$ 158 milhões para essa finalidade. Isso representa um corte de R$ 8 milhões em relação à estimativa inicial de R$ 170 milhões, que já era considerada insuficiente. Além disso, os recursos de capital, destinados a investimentos em infraestrutura e equipamentos, foram reduzidos para R$ 40 milhões. Essa situação reflete uma década de cortes no orçamento das universidades federais, que acumulam uma redução de 50% nos últimos 10 anos, impactando desde a infraestrutura dos campi até as condições de permanência estudantil.
O reitor destacou que, no ano passado, a UFSC acumulou uma dívida de R$ 17 milhões, como em contas de energia elétrica e água. Para quitá-las, foi necessário utilizar parte do orçamento de 2025, o que agrava ainda mais a situação financeira. Atualmente, restam apenas R$ 3 milhões para atender às necessidades da Universidade até outubro. Caso o governo federal não libere uma suplementação orçamentária, a instituição poderá enfrentar dificuldades para pagar fornecedores, manter bolsas estudantis e o RU, além de arcar com contas básicas.
Para minimizar os impactos, a universidade tem adotado medidas internas de contenção de despesas, como a revisão de mais de 200 contratos terceirizados, a redução de postos de trabalho e cortes em diárias e passagens. Segundo o reitor, essas ações, embora necessárias, não serão suficientes para solucionar o problema. A prioridade é preservar as atividades acadêmicas e de pesquisa, concentrando os cortes em áreas administrativas sempre que possível. O reitor também mencionou que está em andamento uma licitação para recontratar serviços de limpeza com um olhar diferenciado, buscando economia sem comprometer a manutenção básica da universidade.
No âmbito externo, a UFSC, por meio da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), tem buscado sensibilizar o governo federal e o Congresso Nacional para a necessidade de recompor o orçamento das universidades federais. O reitor criticou o corte de cerca de R$ 1 bilhão no orçamento das universidades, enquanto as emendas parlamentares somam R$ 52 bilhões. Ele sugeriu que uma redistribuição desses recursos já ajudaria a resolver parte do problema. Além disso, destacou a importância das universidades federais para a sociedade, responsáveis por 90% das pesquisas mais relevantes em ciência e tecnologia no Brasil, e defendeu que o governo priorize essas instituições, fundamentais para o desenvolvimento do país.
Com um déficit estimado em R$ 40 milhões para 2025, a UFSC enfrenta um cenário desafiador. A expectativa agora é por uma ação emergencial do governo federal para evitar a paralisação das atividades no segundo semestre. Segundo o reitor, sem essa suplementação, não será possível manter as operações básicas da Universidade até o final do ano. A crise enfrentada pela UFSC reflete a realidade de outras 68 universidades federais brasileiras, que também enfrentam dificuldades semelhantes. A mobilização nacional e o apoio da sociedade serão determinantes para reverter esse quadro.
Confira o programa na íntegra:
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Rosiani Bion de Almeida / SECOM
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