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A ESPN Brasil decidiu afastar temporariamente seis profissionais — cinco comentaristas e um produtor — após a veiculação de um episódio do programa Linha de Passe que abordava, de forma crítica, a gestão de Ednaldo Rodrigues à frente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). A repercussão foi imediata e escancarou uma pergunta incômoda: houve censura velada na emissora ou apenas uma quebra de protocolo interno?
Segundo apuração do UOL, o programa da última segunda-feira foi pautado por denúncias da revista Piauí, que detalhou irregularidades e condutas questionáveis dentro da CBF. Participaram do debate os jornalistas Gian Oddi, Paulo Calçade, Pedro Ivo Almeida, Victor Birner, William Tavares, e o produtor Dimas Coppede — todos afastados após o episódio, mas com retorno previsto já para esta quinta-feira (10).
A ESPN, que pertence à Disney, ainda não se posicionou oficialmente, mas fontes indicam que a direção da emissora se irritou por não ter sido previamente informada sobre o tema do programa, o que, segundo normas internas, deveria ter ocorrido em caso de pauta considerada sensível.
A situação ganhou contornos ainda mais polêmicos quando foi revelado que a CBF teria ligado para a ESPN cobrando providências. A entidade, porém, negou qualquer interferência, afirmando em nota: “Não procede. A CBF respeita a liberdade de imprensa com responsabilidade e não pede interferências de nenhum tipo na linha editorial de veículos de comunicação. Qualquer narrativa diferente desta é mentirosa e leviana.”
A explicação oficial da ESPN segue aguardada, mas os bastidores do episódio levantam questões sobre os limites entre liberdade editorial e pressões externas — ou mesmo autocensura empresarial. A emissora transmite atualmente a Série B do Campeonato Brasileiro, cujo contrato não é gerido diretamente pela CBF, mas pelas ligas de clubes (LFU e Libra), o que torna ainda mais nebuloso qualquer motivo para tanta cautela.
Por ora, o episódio serviu para mostrar que, em alguns setores da imprensa esportiva, certos temas continuam sendo tratados como tabu. E que, no Brasil, mexer com a CBF ainda parece um risco editorial — mesmo quando a pauta vem de uma investigação publicada por uma das revistas mais respeitadas do país.

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Fonte : Hora Brasilia