
Doença evolui rapidamente, compromete vários órgãos e pode levar à morte em pouco tempo. Lázaro Vinícius, de 16 anos, morreu após 12 dias internado e recebeu homenagens de familiares e amigos. Lázaro Vinícius, adolescente de 16 anos
Reprodução/acervo pessoal
O linfoma de Burkitt, tipo raro e agressivo de câncer, causou a morte de Lázaro Vinícius, adolescente de 16 anos que morreu após 12 dias internado no Hospital Regional de Cacoal (RO). A doença, que evolui rapidamente, compromete vários órgãos e pode levar à morte em pouco tempo.
Ao g1, a hematologista Daniele Fontes explicou que o câncer surge por meio de uma mutação no sangue e que o diagnóstico só é possível após o surgimento dos sintomas.
“Por isso, é importante um diagnóstico rápido, mas isso depende do resultado da biópsia com imunohistoquímica, pois é a partir dele que se inicia o tratamento”, explicou a médica.
Segundo Daniele, apesar de grave, o linfoma de Burkitt tem chances de cura quando o tratamento é iniciado no momento certo.
“Instituído o tratamento de forma adequada, ele tem, sim, cura. A dificuldade é instituir o tratamento no momento certo, oportuno”, afirmou.
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O que é o linfoma de Burkitt?
Linfoma de Burkitt
Reprodução/redes sociais
De acordo com a Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale), esse tipo de câncer afeta o sistema linfático, parte essencial do sistema imunológico. Ele é formado por uma rede de vasos e órgãos responsáveis por transportar e filtrar líquidos, além de proteger contra infecções.
No sistema linfático circulam os linfócitos, que são um tipo de glóbulo branco responsável por combater vírus, bactérias e até células com câncer. Quando esses linfócitos sofrem alterações e começam a se multiplicar de forma descontrolada, surgem os linfomas.
Existem dois tipos principais da doença: o linfoma de Hodgkin, caracterizado pela presença de células de Reed-Sternberg, e o linfoma não-Hodgkin, grupo que inclui vários subtipos, entre eles o linfoma de Burkitt, considerado um dos mais agressivos.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), os linfomas não-Hodgkin estão entre os dez tipos mais comuns de câncer no Brasil. No entanto, o subtipo Burkitt representa uma pequena parcela desses casos.
Esse tipo de linfoma costuma evoluir rapidamente e é mais comum em crianças e adolescentes, especialmente em países em desenvolvimento. Pode afetar o abdômen, o sistema nervoso central, os ossos e outros órgãos. Os sintomas mais comuns incluem aumento de volume abdominal, febre, suores noturnos, cansaço e perda de peso.
O diagnóstico envolve exames laboratoriais, biópsia e exames de imagem. O tratamento deve ser iniciado o mais rápido possível e pode incluir quimioterapia intensiva, imunoterapia, além de suporte hospitalar constante. Quando diagnosticado precocemente, o linfoma de Burkitt apresenta boas taxas de cura.
‘Uma corrida contra o tempo’, diz médico
De acordo com o médico hematologista Wülgner Farias, o linfoma de Burkitt é um tipo raro, mas muito agressivo de câncer que atinge mais frequentemente crianças e jovens, principalmente meninos entre 5 e 25 anos. Ele se espalha muito rápido pelo corpo e, por isso, precisa ser tratado o quanto antes.
Esse tipo de linfoma costuma aparecer de forma repentina, afetando a mandíbula, os ossos do rosto, o abdômen e até órgãos como o fígado e o cérebro. Em alguns casos, pode causar caroços visíveis, inchaço no rosto, dor, perda de dentes e sangramentos, principalmente se atingir a medula óssea e diminuir as plaquetas do sangue.
“A velocidade de duplicação das células tumorais é altíssima – uma das mais rápidas entre todos os tipos de câncer. Em poucos dias ou semanas, ele pode crescer de forma exponencial. Por isso, cada dia conta. Essa agressividade torna essencial iniciar o tratamento imediatamente após o diagnóstico”, explicou o médico.
Ainda segundo o médico, é fundamental procurar um especialista assim que aparecerem sintomas estranhos. Só um profissional pode pedir os exames corretos, entender os resultados e começar o tratamento o mais rápido possível.
“Esquemas de imuno-quimioterapia altamente intensiva, muitas vezes com internação hospitalar prolongada, podendo ocorrer algumas complicações. Quando o diagnóstico é precoce as chances de cura são altas – acima de 80% em alguns casos. Mas é uma corrida contra o tempo”, disse.
Homenagens a Lázaro
Familiares e amigos prestaram homenagens a Lázaro após sua morte. Nas redes sociais, muitos publicaram mensagens emocionadas, expressando carinho, saudade e admiração pelo adolescente. Outros decidiram eternizar a memória do amigo por meio de tatuagens com frases e símbolos que representavam a conexão com ele (veja abaixo).
Homenagem para Lázaro
Reprodução/redes sociais
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