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O ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil-MA), oficializou na noite desta terça-feira (8) seu pedido de demissão do cargo, após ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) sob acusações de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e participação em organização criminosa. A saída vem em meio à pressão crescente por sua exoneração, após denúncias envolvendo desvio de emendas parlamentares para beneficiar obras em sua cidade natal, Vitorino Freire (MA), onde a irmã do ministro, Luanna Rezende, era prefeita.
Juscelino optou por romper o silêncio com uma nota pública de tom político e emocional, na qual afirma deixar o cargo “com a cabeça erguida” e sob a justificativa de “proteger o projeto de país” encampado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a quem prestou agradecimentos pessoais.
“As acusações que me atingem são infundadas, e confio plenamente nas instituições do nosso país, especialmente no Supremo Tribunal Federal, para que isso fique claro. A justiça virá”, declarou o agora ex-ministro.
O caso que levou à queda do ministro gira em torno de um suposto esquema de desvio de verbas públicas. A denúncia da PGR se baseia em investigação da Polícia Federal, que apontou o uso de emendas parlamentares para a execução de obras superfaturadas em Vitorino Freire, com contratos suspeitos de terem sido direcionados para beneficiar empresas ligadas ao empresário Eduardo DP, investigado por operar como sócio oculto em licitações.
As obras — em tese voltadas à pavimentação de ruas — teriam gerado prejuízo milionário aos cofres públicos e envolvimento direto de Juscelino, que atuava como deputado federal na época da indicação das emendas.
A decisão de pedir demissão partiu do próprio Juscelino e foi acertada para evitar um desgaste ainda maior ao presidente Lula, que se encontrava em missão oficial em Honduras. A movimentação teve o cuidado de evitar um gesto público de afastamento por parte do Planalto, permitindo que o ministro “saísse por conta própria”, com ares de gesto nobre.
Em 2023, Lula havia afirmado que afastaria qualquer ministro denunciado formalmente — algo que foi constantemente cobrado por parlamentares e pela opinião pública nas últimas semanas. Ao manter Juscelino no cargo mesmo após o indiciamento, o governo enfrentava crescente desconforto dentro da base aliada e no Congresso.
Na nota divulgada, Juscelino fez questão de apresentar um balanço de sua passagem pelo ministério, destacando projetos como:
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Conexão de 138 mil escolas públicas com banda larga;
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Liberação do Fust (Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações), parado há duas décadas;
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Distribuição de 56 mil computadores em comunidades carentes;
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Implantação de 12 mil km de fibra óptica na Amazônia;
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Implementação da nova TV 3.0.
Apesar do tom otimista, a queda do ministro deve ser interpretada como mais um ruído político dentro do União Brasil, partido que participa da base do governo mas abriga alas resistentes ao petismo. A sigla, agora, tenta manter a pasta das Comunicações sob sua influência, mesmo após o desgaste provocado pelo escândalo.
Juscelino retorna à Câmara dos Deputados, onde retomará seu mandato pelo Maranhão, agora sob o peso de uma denúncia formal e de uma crise política que ameaça seu futuro na vida pública.

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Fonte : Hora Brasilia