EPC celebra acessibilidade para PcD

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Para marcar o Dia Nacional do Sistema Braille, celebrado hoje, a Empresa Paraibana de Comunicação (EPC), que já dispõe de um setor de Imprensa Braille desde 2017, lança uma nova campanha sobre o tema: além da divulgação de um vídeo institucional em suas redes sociais, destacando os produtos e serviços oferecidos pelo departamento especial, a EPC publicará um folder, a ser fixado em instituições voltadas para o atendimento a pessoas com deficiência.

A iniciativa destaca tanto a importância dessa ferramenta de linguagem — que completou 200 anos de criação, em janeiro, e tem proporcionado o acesso à educação, a reabilitação e a profissionalização de cidadãos com deficiência visual por todo o mundo — quanto o trabalho desempenhado pela Imprensa Braille da EPC, em uma série de atividades que fomentam a inclusão social por meio de materiais produzidos a partir do sistema de escrita e leitura tátil.

Graças a essa atuação, ao longo dos últimos dois anos, diversos projetos de relevância foram implementados pela EPC na Paraíba, entre os quais se destacam: a Cartilha de Direitos Humanos, produzida em parceria com a Ordem dos Advogados do Brasil no estado (OAB-PB); a Programação do Folia de Rua em Braille, elaborada junto à Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope); uma versão mensal do Jornal A União em braille; e o programa Acessibilidade em Destaque, veiculado pela Rádio Tabajara. Além disso, a empresa tem adaptado, anualmente, uma obra clássica da literatura paraibana para o braille: em 2024, foi publicado “Eu e Outras Poesias”, de Augusto dos Anjos; neste ano, será a vez de “O Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna.

De acordo com Hanna Pachu, gerente operacional de Braille na EPC, outras iniciativas baseadas nesse sistema vêm sendo desenvolvidas, a exemplo do Cartão de Vacina em Braille, projeto sancionado pelo governador João Azevêdo, por meio da Lei no 13.416/2024, e uma ferramenta de audiodescrição para o Museu do Rádio Paraibano. “O cartão de vacina é uma demanda da Secretaria de Saúde do Estado e vamos começar a confeccioná-lo em alguns municípios. Em relação ao Museu do Rádio Paraibano, a equipe está realizando algumas capacitações para implementar essa ferramenta”, informou Hanna, reforçando a atenção que os canais de comunicação da EPC têm dado ao tema da acessibilidade: “Cada vez mais, estamos ampliando o alcance de novos espaços de inclusão social”.

Equipamentos do estado potencializam inclusão  

Em meio aos profissionais que integram a equipe da Imprensa Braille da EPC, Otto de Sousa chama atenção como prova viva do impacto desse código sobre a vida das PcD: como pessoa com deficiência visual, ele aprendeu braille no Instituto dos Cegos de João Pessoa e, a partir disso, passou a buscar sua autonomia e profissionalização, graduando-se no curso de Rádio e TV. Hoje, ele atua como revisor de braille na instituição. “Sinto-me muito realizado, produzindo conteúdo que possibilita acesso à informação de milhares de paraibanos”, declarou Otto.

Conforme reconhece Simone Jordão, presidente da Fundação Centro Integrado de Apoio à Pessoa com Deficiência (Funad), o braille é um instrumento que abriu caminhos para que pessoas com deficiência visual pudessem garantir seu acesso à educação e à cultura. “Apesar de existir outras tecnologias utilizadas pelas pessoas com deficiência visual ou baixa visão, sem dúvidas, esse sistema merece celebração”, afirmou Simone.

Para que o braille amplie ainda mais seus benefícios em inclusão social, entretanto, a presidente do Instituto dos Cegos, Valéria Carvalho, ressaltou a necessidade de os profissionais de Educação também buscarem conhecimento sobre o código. “Certa vez, um aluno do instituto e da escola regular me disse: ‘É muito ruim a gente escrever algo que o professor não sabe ler’. Esse comentário me fez refletir que, para acontecer a inclusão social, os mestres precisam saber ler a produção de seu aluno”, relatou Valéria. Por isso, com o objetivo de minimizar esses obstáculos e fortalecer o aprendizado de braille na sociedade, o Instituto dos Cegos oferta cursos de capacitação voltados a educadores, familiares de PcD e à comunidade em geral.

Entre outros diversos serviços de referência, oferecidos pelo Governo do Estado, no atendimento a essa população, Simone menciona o Centro de Apoio Pedagógico. “É um serviço que funciona dentro da Funad e que dá apoio aos estudantes da rede estadual de ensino, para garantir que esses alunos tenham acesso ao material em braille. Além disso, temos uma equipe multiprofissional que qualifica os profissionais de Educação da rede estadual”, explicou.

História

O braille é um sistema de leitura e escrita universal, criado para pessoas com deficiência visual. Foi desenvolvido no início do século 19 pelo francês Louis Braille, que perdeu a visão devido a um acidente, ainda durante a infância, e criou o código para ajudar a assegurar autonomia a esse grupo demográfico. Hoje, a linguagem é adotada, por exemplo, em embalagens de produtos, placas de sinalização, mapas, cardápios, serviços bancários e espaços de cultura e lazer.

Instituído pela Lei no 12.266/2010, o Dia Nacional do Braille faz alusão à data de nascimento de José Álvares de Azevedo, primeiro professor cego do Brasil e responsável por trazer o método ao país — a primeira nação da América Latina a adotar oficialmente o sistema.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 08 de abril de 2025.

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A União

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