Líder nas pesquisas e ícone da direita francesa, Marine Le Pen é condenada e se torna inelegível

A deputada Marine Le Pen, principal nome da direita na França e líder nas pesquisas para a eleição presidencial de 2027, foi condenada pela Justiça francesa por desvio de verbas públicas. A sentença, proferida nesta quarta-feira (27) pelo Tribunal de Paris, impõe quatro anos de prisão e a torna inelegível, gerando um abalo político no Reagrupamento Nacional, partido que comanda.

Segundo a juíza Bénédicte de Perthuis, Le Pen e outros eurodeputados usaram recursos do Parlamento Europeu para pagar funcionários do partido por meio de “contratos fictícios”. “Foi estabelecido que todas essas pessoas estavam realmente trabalhando para o partido, que seu legislador não havia dado a elas nenhuma tarefa”, afirmou a magistrada. Ela estimou o prejuízo em 2,9 milhões de euros. “As investigações também mostraram que esses não foram erros administrativos, mas apropriação indébita dentro da estrutura de um sistema estabelecido para reduzir os custos do partido.”

Durante o julgamento, Marine Le Pen defendeu a legalidade dos gastos e criticou o que chamou de definição restritiva das funções parlamentares. A deputada deixou o tribunal antes do encerramento da sessão.

A condenação acontece no momento em que Le Pen aparece como favorita nas pesquisas para a sucessão de Emmanuel Macron, que não pode concorrer a um terceiro mandato. De acordo com o instituto Ifop, ela lidera com 36% das intenções de voto, à frente de Edouard Philippe (25%), Jean-Luc Mélenchon (12%) e Éric Zemmour (5%).

Com a inelegibilidade, o Reagrupamento Nacional já considera Jordan Bardella como possível candidato. Atual presidente do partido, ele é o preferido por 90% da base e mantém alta taxa de apoio interno — 87% dos simpatizantes seguem fiéis a Le Pen, mesmo após a condenação.