PicPay lucra sete vezes mais e avança em diversificação

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Fintech do grupo J&F, o PicPay divulgou seu balanço do quarto trimestre e de 2024 na manhã desta segunda-feira, 31 de março. E, nesse recorte, duas linhas ajudam a resumir o mais novo capítulo de um script que a empresa vem escrevendo desde o fim de 2022.

No topo desse episódio mais recente, a receita cresceu 61% em 2024, para R$ 5,6 bilhões. Já na última linha do balanço, o “desfecho” dessa história, o lucro líquido anual foi de R$ 251,8 milhões, sete vezes maior que em 2023, o que consolidou o nono trimestre consecutivo no azul.

A diversificação do portfólio, de uma carteira digital para um leque mais amplo de serviços financeiros, foi o fio condutor do roteiro cumprido nesse intervalo. E o PicPay já prepara novos argumentos para dar continuidade a esse enredo, da área de crédito a outras frentes também recentes, como a publicidade.

“O ano de 2023 foi de construção e, em 2024, vimos a realidade chegando”, diz Eduardo Chedid, CEO do PicPay, ao NeoFeed. “Temos produtos que ainda estão na infância e que vão começar a ganhar escala nesse ano. E é só o começo. A tendência é que essa diversificação seja cada vez maior.”

Em direção à ampliação e ao amadurecimento desse portfólio, o novo consignado privado, criado via medida provisória pelo governo federal, é uma das peças mais recentes no tabuleiro do PicPay voltado ao segmento de pessoa física (PF). A modalidade entrou em operação há pouco mais de uma semana.

“O produto foi muito bem desenhado e tem chance de realmente decolar”, afirma Chedid. “Vamos ter um período ainda de amadurecimento e ajustes, algo que só se consegue operando. Mas os incentivos estão corretos e o crescimento maior deverá vir a partir do segundo semestre.”

Há novidades previstas também no segmento de pessoa jurídica (PJ), onde o PicPay está mais centrado em pequenas e médias empresas. A ideia é compor um portfólio mais robusto – hoje, esse braço inclui frentes como máquinas de pagamento e crédito para capital de giro.

Na prática, essa estratégia vai passar por “mais profundidade no crédito” e por uma conta digital mais completa, com a adição de emissão de boletos, links de pagamentos e outros recursos para avançar algumas casas nas rotinas desses clientes em áreas como vendas e processos com fornecedores.

Os planos passam ainda por um terceiro pilar, batizado de audiências e ecossistemas. Essa área é composta por produtos não-financeiros e dialoga tanto com o segmento de pessoa física como com o braço de clientes pessoa jurídica.

Isso inclui, por exemplo, o PicPay Shop, marketplace que tem uma base atual de aproximadamente parceiros e sellers conectados. “No PicPay Shop, a ideia é ter uma integração muito maior com nossos instrumentos de pagamento e de crédito”, diz Chedid.

Ao ressaltar que a divisão de audiências e ecossistemas terá uma “atividade maior” em 2025, especialmente no segundo semestre, o CEO também cita o PicPay Ads, vertical de publicidade lançada há pouco mais de um ano, como outro destino desses esforços.

Desde então, essa área já contabiliza ações com uma base de 50 companhias. Entre eles, General Motors (GM) e Samsung. E, em um de seus movimentos mais recentes, a plataforma está testando a veiculação de anúncios no formato de vídeos, em espaços como o app e o próprio PicPay Shop.

Crédito e balanço

Em outra frente mais madura, a concessão de crédito, a expectativa também é de seguir avançando, mesmo em um contexto macroeconômico de maior incerteza e abertura para riscos, em função de fatores como o ciclo de elevação da taxa básica de juros.

O PicPay começou a ofertar crédito com funding próprio em outubro de 2023. Até então, essa oferta estava limitada a parceiros do seu marketplace. Na página mais recente dessa virada, a empresa alcançou uma carteira de crédito de R$ 10,6 bilhões em 2024, 18 vezes maior que em 2023.

Os produtos colateralizados – consignado, antecipação de FGTS e cartão de crédito com limite garantido – representaram 44% dessa carteira. A empresa não revela, porém, o nível de inadimplência dessa base e se limita a dizer que o patamar está em linha com os índices do mercado e suas expectativas.

“Estamos em uma situação mais defensiva quando olhamos o mercado como um todo”, diz André Cazotto, diretor de RI do PicPay. Além do percentual de crédito com garantia, ele ressalta que, no crédito clean, o prazo médio das operações da fintech é mais curto quando comparado ao setor.

“Então, se eventualmente percebermos uma deterioração no cenário macro, temos uma rapidez muito maior para ajustar o apetite a risco”, afirma o executivo. “Seja na precificação ou para puxar o freio de mão. Isso nos traz uma certa blindagem.”

Outros números mostram de onde o PicPay está partindo para essa nova etapa. Os produtos financeiros já respondem por quase 50% da receita, contra 20%, há um ano. A fintech fechou 2024 com 60,2 milhões clientes, alta de 14%. Desse total, 38,9 milhões são ativos, um salto de 13% sobre 2023.

Já no que diz respeito à rentabilização dessa base, a receita média por usuário ativo cresceu 75% em base anual, para R$ 47. Enquanto o cash-in – o valor que esses clientes trazem para o ecossistema – avançou 58%, para R$ 378 bilhões, e o valor total transacionado teve alta de 55%, para R$ 421 bilhões.

O PicPay reportou ainda um retorno sobre o patrimônio (ROE) anualizado de 19%, um ganho de 10 pontos percentuais. Além de uma receita líquida de juros (NII) dos serviços financeiros, que envolve operações de crédito e cartão, de R$ 1,4 bilhão no ano, contra R$ 29,2 milhões em 2023.

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Neofeed

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