O M&A dos family offices: Turim compra a Vita e a incorpora a Tori

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O tradicional family office Turim comprou parte da Vita, empresa de investimentos fundada em 2016 com R$ 3,5 bilhões sob consultoria, em um transação que envolve dinheiro e ações e dá saída para a Gorila, que havia adquirido uma participação minoritária na Vita em 2021. Na transação, a Vita foi desmembrada em duas empresas: a Vita MFO e a Vita aceleradora de Multi Family Offices.

A primeira deixa de existir e é incorporada pela Tori, braço de gestão de fortunas criado no fim do ano passado pela Turim para atender clientes com menos de R$ 100 milhões, que passa a ter R$ 4 bilhões sob gestão. Neste caso, a Turim se torna sócia majoritária. Já o braço B2B, uma aceleradora de family offices, mantém a marca Vita e passa a ter a Turim como minoritária.

O fundador da Vita, Ricardo Guimarães Filho (ex-Goldman Sachs e Morgan Stanley), vai assumir a posição de co-CEO da Tori. Arthur Mello, Tharcisio S. Santos e Claudia N. Salles são os outros sócios que estão se juntando a Rodrigo Rocha e Fernanda Valle na Tori.

“Pensamos em diversas soluções para trazer liquidez ao Gorila, mas quando apareceu o interesse da Turim não tivemos dúvidas. Eles sempre foram o nosso benchmarck”, afirma Guimarães.

Com o negócio, a Vita leva para Tori sua tecnologia de consolidação de patrimônio e o seu Registred Independent Adviser (RIA) nos Estados Unidos, além de oito profissionais de investimentos e de atendimento ao cliente. Atualmente, cerca de 35% do patrimônio da Vita é offshore.

Do lado da Turim, a incorporação da Vita MFO representa um salto não só em patrimônio, mas também em expertise e tecnologia para o seu novo business que olha a base da pirâmide das grandes fortunas.

A Tori atende a clientes com fortunas na faixa entre R$ 25 milhões e R$ 100 milhões em liquidez. A Turim, há 24 anos no mercado, foca em clientes com mais de R$ 100 milhões.

Com um modelo de consultoria, a Vita foca em clientes com perfil semelhante ao da Tori, complementando a atuação do family office que até então atendia por meio de gestão discricionária. O atendimento via consultorias ganhou importância principalmente após o fim do diferimento fiscal dos fundos exclusivos, que levou muitos clientes abaixo de R$ 100 milhões a desmontarem seus fundos.

“Fazemos gestão de patrimônio discricionária há muitos anos, mas vemos que, para esses clientes da Tori, a consultoria é muitas vezes a solução mais adequada. A Vita é para nós o melhor player do mercado nisso, não só pelo resultado que entregam aos clientes, mas pela tecnologia que desenvolveram”, afirma Leonardo Martins Moraes, co-CEO da Turim.

Já o investimento minoritário no negócio de aceleração de multi family offices da Vita, seu braço B2B, é uma aposta da Turim no crescimento do mercado de consultorias no Brasil. Nesta área, a Vita oferece tecnologia para pequenas consultorias se plugarem e fazerem o atendimento de clientes em diversas plataformas.

Atualmente, a Vita conta com 23 multi family offices pelo Brasil como sócios e plugados a sua plataforma, todos igualmente remunerados no modelo “fee-based”. Juntos, possuem, em conjunto, mais de R$ 4 bilhões sob consultoria. Segundo a Vita, desde que começou essa estratégia, há dois anos, esses family offices multiplicaram seus ativos entre duas e cinco vezes.

“O mercado de consultorias vai crescer muito no Brasil e queremos fazer parte disso. A CVM 179 vai fortalecer o modelo de fee based, uma gestão sem conflitos de interesses, e veremos cada vez mais clientes e profissionais migrando para esse modelo, que é o majoritário nos EUA”, diz Moraes.

A Turim é um dos maiores multi family offices do Brasil e um dos poucos com operação “puro sangue”, que não possui investment banking, asset ou outros serviços. A empresa não releva o seu total sob gestão. Mas fontes ouvidas pelo NeoFeed estimam que tenham mais de R$ 50 bilhões.

A criação da Tori para atacar os clientes com menos de R$ 100 milhões, além da aquisição da Vita, mostra o apetite da tradicional gestora de patrimônio que até poucos anos não tinha interesse em clientes menores neste segmento.

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Neofeed

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