MPT entrega Troféu ‘Mulheres que Inspiram’ e realiza roda de conversa sobre conquistas e desafios

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Publicado em: 19 mar 2025

As homenageadas de 2025 são a Irmã Maria Bengozi, a assistente social Maria Senharinha, a professora Glória Rabay e a cantora Elba Ramalho que, devido à agenda, receberá o troféu em outro momento

 

18/03/2025 – O Ministério Público do Trabalho na Paraíba (MPT-PB) entregou, na manhã desta terça-feira (18), o Troféu “Mulheres que Inspiram 2025” à Irmã Maria Bengozi, à assistente social Maria Senharinha Ramalho e a professora Glória Rabay. A cantora paraibana Elba Ramalho também foi homenageada e, devido à agenda de shows, receberá o troféu em outro momento. O evento aconteceu no Auditório do Edifício-Sede do MPT-PB, no Centro de João Pessoa e reuniu representantes de pelo menos 15 instituições e entidades do Estado, além de convidados, familiares das homenageadas e servidores do MPT. O evento também foi transmitido de forma online para a Procuradoria do Trabalho no município de Campina Grande.

 

O evento foi aberto com apresentação especial de músicos da Orquestra Filarmônica do Cefec, sob a regência do maestro Sadraque Barreto. Eles tocaram músicas para as homenageadas e convidados, como “Maria, Maria” e outras composições regionais. As quatro homenageadas têm algo em comum: atuam na defesa dos direitos humanos e inspiram pela trajetória profissional.

 

Durante a sua fala na abertura do evento, o procurador-chefe do MPT-PB, Rogério Sitônio Wanderley, fez uma homenagem à jornalista Vanessa Ricarte, servidora do MPT no Mato Grosso do Sul vítima de feminicídio, morta no mês passado pelo companheiro. Ele ressaltou a luta do MPT para combater a violência de gênero. “Muito importantes as histórias e lutas dessas mulheres que, por meio de seu trabalho, se dedicam a melhorar a vida da sociedade. Hoje, tivemos um bate papo, onde elas contaram suas trajetórias como mulheres, profissionais, como superaram todos os desafios para que sirvam também de exemplo e inspiração para outras mulheres e jovens, que possam ser inseridas no mercado de trabalho em caráter mais igualitário em relação aos homens”, afirmou.

 

A professora Glória Rabay é referência no movimento feminista na Paraíba; Senharinha Ramalho é assistente social e responsável pela implantação do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil na Paraíba. Já a irmã Maria Bengozi, coordena o Projeto social do Centro de Formação Educativo Comunitário (Cefec), entidade localizada no bairro Marcos Moura, em Santa Rita, município da Região Metropolitana de João Pessoa.

 

Irmã Maria

A irmã Maria de Oliveira Bengozi é natural do Estado do Paraná e formada em Pedagogia. É a segunda filha de nove irmãos. Entrou na vida religiosa em 1986, na Congregação das Irmãs da Providência. Chegou à Paraíba em 2017, onde iniciou a sua 10ª missão, no projeto social Cefec – Centro de Formação Educativo Comunitário. Localizado em Santa Rita, Região Metropolitana de João Pessoa, o Cefec atende mais de 500 crianças, adolescentes, jovens e suas famílias. Sua vida é marcada pelo amor ao próximo, buscando viver o evangelho de maneira concreta, com ações de caridade, bondade a serviço à comunidade.

“A missão da minha vida é a parte social, é trabalhar com vidas, desde os pequenininhos até as famílias. Saí de casa com 21 anos. Não foi fácil, mas Deus me chamou. As Irmãs da Providência não têm lugar para ficar, vão aonde precisar. Eu estou indo para outro projeto social, mas levarei vocês no meu coração. Ajudei o Cefec, mas aprendi muito, amadureci nesse projeto porque a gente aprende muito com as pessoas”, revelou a irmã Maria Bengozi.

 

Senharinha Ramalho

Maria Senharinha Soares Ramalho nasceu em Conceição, no Sertão da Paraíba e veio para João Pessoa com 12 anos, junto com a família. É bacharel em Serviço Social e especialista em Gestão de Políticas Públicas pela Universidade Federal da Paraíba. É mestre em Ciências da Educação pela Universidade Lusófona de Ciência e Tecnologia de Lisboa, em Portugal. Foi responsável pela implantação do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil na Paraíba (Peti). Aposentada como assistente social, continuou atuando como militante de direitos humanos de crianças e adolescentes. Participa do Fórum Estadual de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (Fepeti-PB) desde sua instalação e do fórum nacional. Também atua na Rede Margaridas Pró-Crianças e Adolescentes, do Fórum dos Direitos da Criança e do Adolescente.

“Essa é a terceira vez que estou participando deste momento. Me emocionei muito nas edições anteriores e fiquei surpresa por ter sido escolhida. É uma honra e agradeço ao MPT por este momento. Na minha trajetória acadêmica, morei cinco anos no Acre e, ao voltar à Paraíba, comecei um trabalho relacionado aos Direitos Humanos. Em 1997, comecei a trabalhar com o tema do enfrentamento ao trabalho infantil. Sou isso: vontade de trabalhar, vontade que as crianças e adolescentes tenham seus direitos garantidos. Não vou deixar de fazer parte dessa militância”, afirmou Senharinha, que é presidente do Instituto Nacional de Erradicação do Trabalho Infantil diretora geral da ONG Casa Pequeno Davi.

“Fizemos um projeto solicitando ao Ministério da Previdência e Assistência Social a implantação do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil na Paraíba, que foi implantado aqui em 1999. Com a extinção do escritório da SAS (Secretaria de Assistência Social) na Paraíba, fui redistribuída para a Universidade Federal da Paraíba e continuei muito mais forte essa militância na área de direitos humanos de crianças e adolescentes”, contou Maria Senharinha.

 

Glória Rabay

Glória de Lourdes Freire Rabay é jornalista, doutora em Ciências Sociais e professora de Jornalismo da Universidade Federal da Paraíba. Atua no Programa de Pós-graduação em Direitos Humanos, Cidadania e Políticas Públicas e no Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa e Ação sobre Mulheres e Relações de Sexo e Gênero (Nipam/UFPB). Glória desenvolve pesquisa sobre Feminicídio e Jornalismo; As Mulheres no Jornalismo e Violência Política de Gênero. Referência no movimento feminista da Paraíba, foi sócia fundadora do Centro da Mulher 8 de Março, onde atuou por 14 anos. Glória já falava em ‘equidade de gênero’ e ‘empoderamento feminino’ mesmo quando esses termos não eram conhecidos da maioria das pessoas. Ela se define como feminista, antirracista e mãe de Iaynã, Onirê, Ionnie e Rebeca.

“Entrei no movimento feminista quando entrei na universidade. A luta foi construída coletivamente. Esse é um reconhecimento pela trajetória e ativismo pelos direitos das mulheres. Não poderia receber sozinha sem as inúmeras parcerias que tive ao longo da vida. É o reconhecimento do MPT ao movimento feminista, movimento que quando eu entrei, na década de 70, era um movimento ainda rechaçado. A população, os organismos de Justiça e a sociedade, de maneira geral, nos olhavam como mulheres em contravenção do que seria um exemplo de mulher ‘bem-comportada’”, declarou a professora Glória Rabay.

 

“Esse é um prêmio do movimento de mulheres, do feminismo e estendo até ao ‘transfeminismo’, que hoje a gente precisa reconhecer como um setor oprimido. Nós que queremos construir uma sociedade justa e igualitária não podemos mais aceitar que qualquer mulher seja tratada como sujeito de segunda categoria”, acrescentou Glória Rabay.

 

Elba Ramalho

Natural de Conceição, no Sertão da Paraíba, Elba Ramalho foi escolhida como uma das homenageadas do “Troféu Mulheres Que Inspiram” 2025, em reconhecimento à sua trajetória na arte e na vida. O seu trabalho tem um impacto positivo significativo na cena cultural de nosso Estado e País. A figura de Elba nos palcos já é bem conhecida, mas muitas pessoas desconhecem o seu trabalho social e apoio voluntário a Campanhas de Prevenção ao Trabalho Infantil no São João de Campina Grande, assim como sua atuação durante a Pandemia da Covid-19, gravando vídeos para a divulgação de ações preventivas contra a exploração de crianças e adolescente.

“Quero agradecer ao Ministério Público do Trabalho da Paraíba pela lembrança do meu nome nessa linda homenagem que vocês prestam às mulheres paraibanas. É com muita gratidão, humildade e emoção. Eu venho do Sertão da Paraíba. Conheci desde cedo as dificuldades da vida e a fortaleza ou a fraqueza. Escolhi trilhar o caminho da luta positiva no sentido de realizar os sonhos e conquistar coisas desse mundo. Saí pelo mundo levando a minha história, o nome das minhas origens, das minhas referências dentro da minha arte. Tive como inspiração a minha mãe, que sempre foi uma fortaleza para todos nós. Agradeço e espero corresponder durante toda a minha vida todo o carinho que vocês estão me dando”, declarou Elba, em um vídeo gravado e que foi exibido no evento.

 

“Mulheridades”

“Nós mulheres travestis e transexuais somos violentadas, violadas no nosso direito principalmente na questão do trabalho. Quantas mulheres transexuais vocês veem nos espaços de trabalho ou ocupando um espaço de poder? A gente tem uma deputada, mas essa não é a realidade da nossa população. Gosto do termo ‘mulheridades’. Quando a gente fala de ‘mulheridades’, a gente amplia o olhar e fala das quilombolas, indígenas, lésbicas, travestis, transexuais. Infelizmente, esse país ainda mata muito da minha população. Não somos poucas, mas somos discriminadas todos os dias. Todas as violências fazem cada dia com que a gente seja assassinada”, ressaltou Andreina Gama, coordenadora geral da Associação de Pessoas Travestis, Transexuais e Transfeministas da Paraíba.

 

Ascom MPT-PB.

 

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