Do FOMO à fome de networking: por que os brasileiros invadem o SXSW

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AUSTIN – Principal festival de inovação do mundo, o South by Southwest (SXSW) movimentou as ruas de Austin, capital do Texas, entre os dias 7 e 15 de março, com debates sobre inteligência artificial, biomedicina e marketing. Em um evento que atrai atenções globais, com 27% dos participantes vindos de fora dos Estados Unidos, a presença brasileira se destacou, tornando o português quase uma segunda língua oficial do SXSW.

“O Brasil é a melhor delegação internacional no South by Southwest. Eu amo a energia, o entusiasmo, a paixão e a sede de descoberta e conhecimento que todos vocês trazem para o evento”, disse Hugh Forrest, co-presidente do SXSW, em um almoço fechado promovido pelo Itaú.

A participação brasileira vem crescendo nos últimos anos, impulsionada pelo Itaú, que patrocinou o evento pelo terceiro ano consecutivo, e pelo Estado de São Paulo, que montou, pelo segundo ano seguido, seu estande em frente ao principal centro de convenções do festival, o Austin Convention Center. A Casa São Paulo, ou SP House, atraiu visitantes de 55 países.

“A Casa São Paulo funciona como um cartão de visita do Brasil. Dizem que a primeira impressão é a que fica, e ali mostramos a diversidade e o potencial do país para investidores do mundo todo. Essas pessoas voltam para seus países falando: ‘O Brasil está discutindo energia verde, inovação, segurança bancária”, afirma Marilia Marton, secretária da Cultura, Economia e Indústrias Criativas do Estado de São Paulo, ao NeoFeed.

Para 2025, outros estados já demonstraram interesse em participar do SXSW, como Minas Gerais, Paraná e Goiás. “A Casa São Paulo é um projeto que não é só dos paulistas, é um projeto de um país. Se outros estados quiserem vir, a gente dá um jeito”, diz Marton, que garante a presença no ano. “Não tem mais como voltar atrás.”

Os brasileiros que atravessam as Américas para o SXSW vão com a mente aberta para novas ideias e tendências, mas também buscam oportunidades de networking. “Conhecemos um roteirista no evento e praticamente já fechamos um contrato. É um evento muito bom para isso”, conta Carol Rabello, sócia-fundadora da produtora Salvaê, que tem entre seus clientes a Bvlgari, a Reserva, a Netshoes entre outras empresas.

Com centenas de palestras acontecendo simultaneamente em quase dez hotéis da cidade, organizar a programação para os brasileiros no festival se tornou um nicho de mercado.

Outra empresa que atua nesse segmento é a Boost, criada por Aline Sun, que é uma das fundadoras da corretora Guide, que foi vendida para o Safra no ano passado. A Boost levou cerca de 30 executivos para o evento deste ano. “Muitos negócios surgem no SXSW. Muitos clientes que trouxemos para esta edição, conhecemos na anterior”, diz Sun.

Desde sua criação, em 2021, a Boost tem se voltado cada vez mais para festivais, oferecendo curadoria e consultoria para organizadores. “Somos uma empresa de inovação, então não podemos ter a cabeça fechada para o nosso próprio negócio. É preciso se adaptar”, afirma Sun.

Com um número crescente de executivos brasileiros no evento, Sun destaca que o FOMO (“Fear of Missing Out”, ou medo de ficar de fora) tem influenciado a decisão de muitos empresários de marcar presença. “Com certeza isso pesa. Estar no SXSW virou quase que uma exposição de marca”.

Dado o alto custo da viagem, o público brasileiro é formado majoritariamente por executivos e profissionais de alto escalão. Algumas empresas enviam representantes e comitivas para o evento, como o Hospital Albert Einstein e a JBS.

Apesar da presença marcante no início, a delegação brasileira foi diminuindo nos últimos dias do festival, à medida que as discussões técnicas deram lugar a shows e apresentações culturais. No último dia do SXSW, quando a programação se volta ao universo musical — relembrando as raízes do evento ligadas à contracultura —, o português, que antes ecoava pelas ruas de Austin, já era uma raridade.

*O jornalista viajou a convite do Itaú Unibanco

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Neofeed

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