Oito trabalhadores do PI são resgatados em situação análoga à escravidão em SP; operários passaram dias sem comer


Em 2022, foram 180 pessoas resgatadas no Piauí, enquanto em 2024 esse número caiu para 14. No entanto, o número de trabalhadores piauienses resgatados em outros estados continua grande, diz MPT. Maior parte das pessoas aliciadas ou vítimas de tráfico são submetidas ao trabalho escravo, diz MPT.
Sérgio Carvalho/ Arquivo pessoal
Oito piauienses em situação análoga à escravidão foram resgatados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), em Sorocaba, no interior de São Paulo. Eles faziam parte de um grupo de 65 operários da construção civil que foram abandonados pelos contratantes e ficaram sem acesso à comida e condições adequadas para dormir e realizar necessidades básicas. O resgate foi realizado entre os dias 21 e 28 de fevereiro.
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Segundo o MTE informou que os trabalhadores foram deixados nas ruas sem qualquer assistência e, por isso, muitos deles passaram dias sem comer. No grupo, haviam também operários dos estados de Pernambuco, Bahia e Mato Grosso.
Ainda conforme o MTE, as empresas contratantes foram identificadas e após uma reunião entre os trabalhadores, o Sindicato da Construção Civil e o Conselho Sindical, foram definidas formas de quitação das verbas trabalhistas.
“Todas as empresas que apresentarem irregularidades nos contratos de trabalho serão notificadas e autuadas. Em alguns casos, houve resgate em razão do péssimo estado dos alojamentos, alimentação precária e atraso nos pagamentos”, afirmou o auditor fiscal do trabalho Ubiratan Vieira.
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Estado é considerado exportador de mão de obra
No Piauí, 180 pessoas foram resgatadas em situação análoga à escravidão em 2022. No ano de 2024 esse número caiu para 14. O coordenador regional de combate ao trabalho escravo do Ministério Público do Trabalho no Piauí, procurador Edno Moura, alerta que, apesar da redução, a exploração de piauienses em outros estados segue preocupante.
Segundo ele, o desemprego faz com que muitos piauienses busquem oportunidades em outros estados e acabem em situações degradantes.
“Muitos trabalhadores aceitam propostas enganosas e acabam sendo explorados em condições degradantes. É fundamental desconfiar de ofertas de salários muito acima do normal, transporte clandestino e pagamento antecipado como forma de ‘segurar’ o trabalhador”, explicou.
Um desses casos é o de Francisco, que saiu do interior do Piauí para trabalhar no corte de cana em Goiás. A realidade do trabalho no local foi completamente diferente do que foi prometido para ele.
“Eu acabei viajando pra lá clandestinamente na perspectiva de ganhar um salário justo e benefícios para os meus filhos. A jornada de trabalho era pra ser das 7h até às 15h30, e na realidade saía 3h30 e só voltava 20h. Recebia só um pão seco no café da manhã”, relatou.
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Como denunciar?
Para evitar situações de trabalho escravo, ele orienta que os trabalhadores fiquem atentos a ofertas de salários muito acima da média, transporte clandestino e pagamento antecipado como forma de “segurar” o trabalhador.
Denúncias podem ser feitas ao MPT de forma sigilosa pelo site do ministério ou pelo WhatsApp (86) 99544-7488.
*Estagiário sob supervisão de Ilanna Serena.
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