Só se fala em inteligência artificial no SXSW (mas privacidade e segurança entraram no debate)

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Austin – A inteligência artificial e suas aplicações têm sido uma das grandes estrelas deste South by Southwest (SXSW). O evento de 2025 também abriu espaço para críticas sobre privacidade e segurança digital. No principal painel de abertura, Meredith Whitaker, presidente da Signal, fez duras críticas à falta de privacidade em ferramentas como o ChatGPT, classificando-as como mecanismos de vigilância da sociedade atual.

Para ela, o modelo de negócios da tecnologia está fundamentado na coleta massiva de dados, o que permite que empresas e governos tenham acesso a informações extremamente detalhadas sobre os usuários.

“Privacidade não é um conceito abstrato. Nós a transformamos em algo tecnocrático e estéril, mas, na realidade, ela garante coisas fundamentais, como democracia, liberdade de pensamento, liberdade de expressão e intimidade”, diz a líder do app.

O Signal, que se propõe a ser o aplicativo de troca de mensagens mais privado do mundo, adota um modelo de negócio baseado em doações para não ceder à pressão por monetização dos dados dos usuários. “O único jeito real de proteger os dados é não coletá-los.”

Suas críticas também miraram o WhatsApp, que, assim como o Signal, utiliza criptografia de ponta a ponta, mas, segundo ela, ainda possui brechas de segurança.

“O WhatsApp usa a nossa criptografia, mas isso é só uma camada do bolo. Eles ainda armazenam uma enorme quantidade de metadados – com quem você fala, quando, por quanto tempo, sua localização, sua foto de perfil e muito mais”, afirma Whitaker.

Ao ser questionada sobre como reagiria caso um governo solicitasse acesso às informações dos usuários, sua resposta foi categórica: “Não abriria mão da privacidade.”

A declaração arrancou aplausos da plateia, mas também gerou um alerta de Guy Kawasaki, chief evangelist (isso mesmoo, chefe evangelizador) da Canva, que participava do painel ao lado dela: “Se continuar assim, talvez não a veremos mais em fotos de abertura de eventos.”

Diferencial é o nome do jogo

No universo das startups e do venture capital, um dos painéis de destaque trouxe investidores discutindo as teses de investimento em tecnologias emergentes. No caso da Inteligência Artificial, o foco dos VCs está menos na criação de novas ferramentas e mais no diferencial das aplicações.

“Vão ser amplamente utilizados, mas o verdadeiro valor e diferenciação estarão nas aplicações que usam essa tecnologia de forma única”, diz Morgan Flager, sócio da Silverton Partners.

O foco no pragmatismo também é evidente na forma como os fundos de venture capital avaliam novas apostas. “No Texas, todo VC que conheço sempre faz a mesma pergunta: ‘Como isso vai ganhar dinheiro?’ Aqui, ninguém investe US$ 100 milhões em um projeto só porque parece interessante.” A observação é de Oksana Malysheva, CEO da Sputnik ATX, reforçando a mentalidade mais conservadora dos investidores da região.

O Brasil é aqui

Realizado no centro financeiro de Austin, capital do Texas, o SXSW, tem o Brasil, mais uma vez, marcando forte presença no principal evento de inovação do mundo.

Com representantes de diversas marcas brasileiras, como o Itaú (que se mantém como um dos patrocinadores master pelo terceiro ano), Boticário, Embraer, CI&T e Hospital Albert Einstein, o português é constantemente ouvido nas ruas e filas de entrada, tornando-se quase uma segunda língua no SXSW. Nem mesmo o câmbio desfavorável, que encareceu os custos de acomodação, alimentação e transporte, freou a invasão brasileira.

O interesse estrangeiro pelas inovações do Brasil tem sido recíproco, com a São Paulo House lotada de curiosos pela cultura e pelo ecossistema de startups brasileiro. Uma palestra sobre marketing com Rodrigo Montesano, CMO do Itaú, e Denee Pearson, presidente da NYX Professional Makeup, da L’Oréal, foi bastante procurada, formando uma fila de espera de 20 minutos.

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