Robbie Williams pede que o vejamos como ele se vê: um macaco

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As primeiras cenas de Robbie Williams como um macaco antropomórfico causam certa estranheza na cinebiografia do pop star, um dos maiores saídos da Inglaterra. Só aos poucos, o espectador se acostuma com a sua aparência animalesca, criada por CGI (“imagens geradas por computador”, na sigla em inglês). O próprio cantor, com mais de 75 milhões de discos vendidos, insiste, na narração, que devemos vê-lo como ele se vê.

Tudo começa então a fazer sentido em Better Man — A História de Robbie Williams, que entra em cartaz nos cinemas brasileiros no dia 13 de março, recapitulando a vida do cantor com reputação de encrenqueiro. O showbiz, no qual o biografado sonhava ingressar desde menino, é retratado, muitas vezes, como um circo. E por muitos anos, sobretudo no início da carreira musical, Williams se sentiu como um chimpanzé, forçado a se apresentar no palco, distraindo o público com truques baratos.

O cantor ainda era o rebelde do grupo Take That, um dos responsáveis pelo fenômeno das boybands, na década de 1990. Por se sentir ofuscado no quinteto, que apostava no físico e na sensualidade dos jovens, Williams cometia excessos, o que acabou obrigando-o, em 1995, a abandonar o grupo — também formado por Mark Owen, Howard Donald, Jason Orange e Gary Barlow.

Com a saída, os problemas com álcool e drogas só pioraram, embora o cantor tenha dado a volta por cima e feito história na música. Em 2022, por exemplo, com o lançamento da coletânea XXV, Williams bateu o recorde de Elvis Presley, com 14 álbuns solo que alcançaram o primeiro lugar no Reino Unido — contra 13, número conquistado pelo “rei do rock”.

De acordo com o Guinness, o livro dos recordes, Williams é o artista que mais prêmios BRIT (British Record Industry Trust) ganhou — 18, no total. E o seu concerto de três dias em Knebworth Park, que atraiu 375 mil pessoas, em 2003, até hoje se mantém como o maior acontecimento da música britânica, uma façanha que é resgatada em Better Man.

“Desde o início, adorei a ideia do diretor Michael Gracey, de me representar como um macaco no filme. Mas não acreditava que ele seguiria com ela até o fim”, contou Robbie Williams, em painel virtual sobre a sua cinebiografia, que teve cobertura do NeoFeed. “Eu nunca me senti à vontade no Take That”, confessou o cantor, lembrando que ele não teve estrutura emocional para lidar com a ascensão relâmpago da banda.

“Os fardos que eu carrego fazem do filme uma história humana. Mas não sou o único. Algo acontece com todo mundo que experimenta uma dose elevada de fama”, disse Williams, que tinha só 16 anos ao se juntar ao Take That. “A sedução, o glamour e a ideia de que o sucesso vai consertar você não cumprem o que prometem. No final, você acaba com uma crise existencial, da qual só consegue escapar depois de muita autoavaliação, como foi o meu caso.”

Ao 51 anos, Williams está hoje livre do vício em drogas e álcool (Foto: Divulgação)

As imagens do macaco foram criadas por imagens geradas por computador – CGI, na sigla em inglês (Foto: Divulgação)

Com o pai ausente, o astro foi criado pela mãe e a avó (Foto: Divulgação)

A ideia de apresentar Williams como um macaco foi do diretor Michael Gracey (Foto: Divulgação)

Toda a sua trajetória profissional é revisitada no filme. Já na infância, na região de West Midlands, morando com a mãe e a avó, Williams queria cantar como o pai, uma figura ausente, mas que o encantava ao imitar Frank Sinatra.

Na adolescência, mesmo sofrendo bullying, Williams agarra a chance de sua vida, passando em um teste, em Manchester, para integrar o Take That, projetado mundialmente com o hit Back for Good.

Mas fazer parte de uma das maiores boybands da história não fortaleceu a sua autoconfiança. Os holofotes só o deixaram mais vulnerável, o que contribuiu com os constantes problemas na banda, onde Williams tinha desentendimentos criativos e também se sentia preterido pelo empresário, Nigel Martin-Smith.

“Hoje nós já começamos a entender o que a fama pode fazer com a sua mente, tendo empatia e compaixão pelas pessoas que passam por isso. Naquela época, eu não podia admitir que sofria. As pessoas diriam: Como você se atreve a ficar triste sobre o que quer que seja?”, comentou Williams, com 51 anos.

Depois da frustração com o Take That, o cantor consegue se reerguer, conforme mostra o filme, trilhando um caminho próprio.

O álbum Life Thru a Lens (com o hit Angels, aparentemente a música mais tocada nos funerais britânicos até hoje) marca o início de sua carreira-solo, ainda que Williams continue a entrar e sair de clínicas de desintoxicação nesse período. Só aos poucos, o cantor vai se transformando no “better man”, como sugere o título da cinebiografia.

“Todo mundo quer ser visto, ouvido e amado. Como eu venho de uma vida de déficits nesse sentido, a vulnerabilidade que eu sentia fazia com que meus dias fossem impossíveis”, afirmou Williams, que admite ter sofrido de depressão, ansiedade e agorafobia com o estrelato. “Estou completamente curado? Não sei. Será que algum dia estarei? Também não sei. Mas posso dizer que hoje, depois de ter atravessado o inferno, entendo o que o aplauso deveria ter significado lá atrás. Aquela sensação de propósito, que você nunca conhece na primeira rodada da fama.”

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Neofeed

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