Google diz ter recebido centenas de denúncias sobre conteúdos terrorista e de abuso infantil gerados por sua IA


Relatório abrange reclamações feitas no mundo inteiro, em um período de dez meses, e foi enviado à comissão australiana que monitora segurança nas redes. Google afirma que não permite a criação desse tipo de conteúdo e diz que número representa volume de denúncias, e não de violações confirmadas. Google, tecnologia, buscas, negócios, business
Charles Platiau/File Photo/Reuters
O Google informou ter recebido mais de 300 denúncias de usuários em todo o mundo, ao longo de dez meses, que citam o uso de sua inteligência artificial para criação de conteúdos de terrorismo e abuso infantil, de acordo com a comissão australiana que monitora segurança nas redes.
O relatório é referente ao período entre abril de 2023 e fevereiro de 2024. No levantamento, o Google disse que recebeu 258 denúncias de usuários sobre suspeitas de conteúdos “deepfake” de terrorismo, ou de extrema violência, gerados com sua IA, o Gemini. Outras 86 denúncias se referem a materiais de exploração ou abuso infantil criados com a ferramenta.
A empresa não informou quantas das reclamações foram verificadas, de acordo com a Comissão Australiana de Segurança Eletrônica.
Segundo a legislação da Austrália, as empresas de tecnologia devem fornecer à comissão, periodicamente, informações sobre seus esforços para reduzir os danos decorrentes do mal uso dessas ferramentas. Caso contrário, elas correm o risco de serem multadas.
Desde que o ChatGPT se tornou popular no mundo, no final de 2022, órgãos reguladores têm cobrado uma proteção maior das plataformas para impedir que a IA seja usada para atos de terrorismo, fraude, pornografia deepfake e outros abusos.
A Comissão de Segurança Eletrônica da Austrália disse que o relatório do Google é o “primeiro insight mundial” sobre como os usuários podem estar explorando a tecnologia para produzir conteúdo ilegal.
Segundo a líder do órgão, Julie Inman Grant, o levantamento mostra que é fundamental que as plataformas “incorporem e testem a eficácia de mecanismos de proteção para evitar que esse tipo de material seja gerado”.
De acordo com a comissão, o Google usou um sistema de correspondência automática que relaciona imagens recém-carregadas com outras já conhecidas para remover material de abuso infantil gerado com o Gemini.
A empresa, no entanto, não utilizou a mesma técnica para eliminar material terrorista ou de extrema violência, segundo o órgão.
Questionado, o Google respondeu que a empresa não permite a geração ou distribuição de conteúdo relacionado à facilitação de extremismo ou terrorismo, exploração ou abuso infantil ou outras atividades ilegais.
“Estamos empenhados em expandir nossos esforços para ajudar a manter os australianos seguros nas redes”, disse a empresa em nota. O Google também afirma que o levantamento representa o “volume global total de denúncias de usuários, e não de violações confirmadas dessa política”.
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