Nos Estados Unidos, investidores trocam o “Trump Trade” pelo “Recession Trade”

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Quando Donald Trump foi eleito presidente dos Estados Unidos, em novembro de 2024, uma onda de otimismo tomou conta do mercado. Diante da expectativa de uma política econômica pró-negócios, com desregulamentação e cortes de impostos, os índices acionários bateram recordes por pregões consecutivos, naquilo que foi denominado como Trump Trade.

Passados três meses desde a vitória do republicano, o sentimento é outro. Com o crescimento da percepção de que as ameaças de Trump com as tarifas de importação não são ameaças para obter concessões, mais os sinais de desaceleração da economia americana, os investidores estão rotacionando suas posições em busca de ativos mais defensivos. Sai o Trump Trade e entra o Recession Trade.

Essa mudança pôde ser vista no mercado acionário. O S&P 500 acumula uma queda de 5% em relação ao recorde anterior, alcançado em 19 de fevereiro, segundo dados compilados pelo jornal The Wall Street Journal. O Russell 2000, índice que conta com ações de empresas menores, recua 9,4% desde o fim de janeiro.

Setores vistos como mais sensíveis a uma desaceleração econômica foram os mais afetados, caso dos bancos. O Goldman Sachs registrou uma perda de 12% desde que suas ações bateram recorde em 18 de fevereiro, recuando 6,66% no ano. Em um mês, os papéis do J.P. Morgan caíram 11,1%, apesar de acumularem alta de 2,56% no ano.

Por outro lado, o ouro segue tendência de alta desde o início do ano, com valorização acumulada de 9,4%. Os contratos para abril são negociados a US$ 2.928,50 a onça, com o Goldman Sachs avaliando que a commodity pode fechar o ano na casa dos US$ 3.100,00 a onça.

As tarifas vêm provocando pessimismo nos Estados Unidos, com muitos temendo uma desaceleração da economia. O índice de confiança dos consumidores americanos calculado pelo The Conference Board, despencou em fevereiro, sendo o mais declínio mensal em mais de quatro anos.

Já uma pesquisa sobre o setor industrial conduzida pelo Institute for Supply Management registrou forte queda na quantidade de encomendas, junto com um aumento nos custos de produção, em função da ameaça de tarifas.

Mas um indicador produzido pelo Fed de Atlanta faz com que muitos ascendam o sinal de alerta. O chamado GDPNow Tracker, que estima a atividade econômica com base em dados trimestrais correntes, aponta para uma queda de 2,4% do PIB americano no primeiro trimestre.

Ainda que a questão das tarifas incomode, não é consenso entre economistas e analistas que a política de Trump será muito dura para a economia. O Goldman Sachs prevê que as tarifas devem ter um peso de apenas 0,2% no PIB deste ano, menos do que o Canadá deve sentir.

A condução da política econômica não provocou uma mudança de estratégia no mercado americano. A Europa está vendo seus índices acionários em alta, em meio a anúncios dos líderes do Velho Continente de elevar gastos, especialmente de defesa.

Enquanto o S&P 500 registra alta de cerca de 4% nos últimos seis meses, o FTSE 100, do Reino Unido, sobe 5%, segundo o jornal Financial Times. O CAC-40, da França, acumula ganho de 10%, enquanto o DAX, da Alemanha, avança 20%.

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